China convoca embaixador americano por detenção de executiva da Huawei

Na véspera, representante canadense havia sido alertado para 'consequências sérias'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pequim | Reuters e Associated Press

Em um novo capítulo da tensão entre China e EUA, o Ministério de Relações Exteriores do país asiático convocou neste domingo (9) o embaixador americano em Pequim para expressar “forte protesto” contra a prisão da vice-presidente financeira da Huawei e exigir sua liberação.

Meng Wanzhou foi presa no Canadá em 1º de dezembro e enfrenta um pedido de extradição para os EUA, que alegam que ela acobertou laços de sua empresa com uma empresa que tentou vender equipamentos ao Irã, em violação de sanções contra o país. 

Meng Wanzhou, executiva da Huawei - Huawei/Reuters

A executiva é filha do fundador da Huawei, maior fornecedora mundial de equipamentos de rede de telecomunicações e a segunda maior fabricante de smartphones.

Na linguagem diplomática, convocar um embaixador para esclarecimentos representa sinal de descontentamento.

A prisão de Meng provocou tensão nos mercados na semana passada e ajudou a reduzir o efeito positivo da trégua anunciada no início do mês, em Buenos Aires, na guerra comercial entre EUA e China.

O acordo adiou de janeiro para março a elevação de tarifas de Washington de 10% para 25% sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses. O cessar-fogo durará enquanto um acordo é negociado.
 

O vice-ministro de Relações Exteriores da China, Le Yucheng, afirmou ao embaixador dos EUA, Terry Branstad, que Washington fez uma "exigência despropositada" para o Canadá prendesse Meng enquanto ela estava passando por Vancouver, informou o ministério.

"As ações dos EUA seriamente violaram os direitos legais e legítimos de uma cidadã chinesa e foram extremamente sórdidas em sua natureza", disse Le a Branstad.

"A China vai responder com novas medidas dependendo das ações dos EUA", disse Le, sem dar detalhes.

No sábado (8),  Le havia convocado o embaixador canadense em Pequim,  John McCallum, para apresentar um "forte protesto". 

Le alertou o Canadá de que o país pode sofrer sérias consequências se não libertasse Meng imediatamente, chamando o episódio de "extremamente desagradável".

Adam Austen, porta-voz da chanceler canadense, Chrystia Freeland, disse que não havia nada a acrescentar "além do que a ministra disse ontem".

Freeland disse na sexta-feira que o relacionamento com a China é importante e valorizado, e que acesso consular será fornecido a Meng.

Robert Lighthizer, o representante comercial dos EUA, afirmou que o caso “não deveria ter muito impacto” nas negociações entre os EUA e a China. “É um assunto de Justiça criminal”, disse Lighthizer à rede CBS neste domingo.

Para além da questão da suposta violação das sanções contra o Irã, agências de inteligência dos EUA alegam que a Huawei está ligada ao governo da China e que seus equipamentos podem ter sido projetados para permitir o acesso de espiões do governo chinês. Nenhuma evidência foi apresentada publicamente, e a empresa nega as acusações.

A preocupação se concentra também na implantação de redes 5G, tecnologia em que a Huawei está na vanguarda.
 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.