Dólar fecha perto da estabilidade após atuação do BC

Bolsa brasileira avança em linha com o exterior e recupera os 86 mil pontos

São Paulo | Reuters

O dólar terminou a terça-feira com leve alta, com a atuação do Banco Central no mercado de câmbio atenuando as preocupações do exterior reforçadas no período vespertino pelo Brexit e ameaças do presidente Donald Trump de paralisação do governo norte-americano. A Bolsa brasileira fechou em leve alta, em linha com o exterior.

O dólar avançou 0,07%, a R$ 3,9210.

"É muita indefinição. Ninguém tem a menor ideia de qual será o resultado e isso traz ansiedade e cautela", disse o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.

Ele se referia à notícia de que parlamentares do partido da primeira-ministra britânica, Theresa May, estão confiantes de que conseguiram o número suficientes de cartas para provocar um voto de não confiança sobre a liderança da premiê, disse a sub-editora de política da emissora Sky News nesta terça-feira.

May tem encontrado dificuldades no acordo para o Reino Unido deixar a União Europeia. Depois de ter conseguido chegar a um consenso com o bloco europeu, corria o risco de não aprovar o texto no Parlamento no país. Na véspera, temendo uma derrota, preferiu suspender a votação do texto que iria à votação nesta terça-feira.

Mais cedo, um porta-voz de May disse que o acordo seria colocado em votação em 21 de janeiro.

A notícia sobre o voto de não-confiança acabou reacendendo a cautela nos negócios globais e fazendo o dólar subir ante as divisas emergentes, como o peso chileno, e a apagar a queda ante real. A moeda também subia ante a cesta de moedas

O movimento ganhou reforço com ameaças de Trump, de que preferia uma paralisação do governo a ficar sem recursos para construir um muro na fronteira com o México.

Internamente, o dólar subiu 2% nas últimas cinco sessões e terminou na véspera no maior valor desde 2 de outubro, o que levou o Banco Central a anunciar um novo leilão de linha --venda com compromisso de recompra --, ajudando na resiliência da moeda local.

"Tudo indica que a intervenção do BC será capaz de conter a pressão sobre a moeda estrangeira, sinalizando claramente que repetirá o movimento toda vez que fatores externos promoverem a desvalorização artificial da moeda nacional", escreveu mais cedo a corretora Correparti em relatório.

Para os analistas da corretora, o BC "manteve a coerência" ao chamar os leilões após a moeda norte-americana ter se aproximado do patamar de R$ 3,95.

O Banco Central vendeu integralmente mais US$ 1 bilhão em linha, no quarto leilão de novos contratos feito desde o final de novembro pela autoridade, que ainda rolou mais 1,25 bilhão de dólares que venciam no início deste mês. Em novos contratos, foram 4 bilhões de dólares até o momento.

"A preocupação é que a tensão externa se some ao período onde as empresas direcionam recursos para suas matrizes e a intervenção visa dar liquidez e segurar um pulo mais forte do dólar ante o real na reta final do ano", escreveu o analista da corretora Mirae Pedro Galdi.

Além do Brexit, outras preocupações que içaram recentemente a moeda norte-americana ainda não se dissiparam, entre eles a desaceleração econômica global, guerra comercial entre Estados Unidos e China e o Brexit.

Nesta tarde, o Washington Post informou, citando autoridades dos EUA, que o governo Donald Trump vai condenar a China por hacking e espionagem econômica e tomará medidas contra a nação asiática usando sanções e indiciamentos.

Mais cedo, China e EUA discutiram o roteiro para o próximo estágio de suas negociações comerciais, durante uma ligação telefônica entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, e o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, o que ajudou a aliviar os mercados.

Internamente, os investidores seguiam monitorando o noticiário político local, a poucos dias de ter início o novo governo.

Já o Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, fechou em alta nesta terça-feira, após alternar alta e baixa na parte da tarde, na esteira da volatilidade no cenário externo e últimos ajustes para os vencimentos de opções do Ibovespa e do índice futuro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa teve alta de 0,59%, a 86.419,57 pontos. O volume financeiro somou R$ 13 bilhões.

A alta acontece após três pregões de perdas, período em que o Ibovespa acumulou queda de 3,5%.

Na quarta-feira, acontecem os vencimentos dos contratos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro.

"O movimento foi bastante errático, refletindo em parte a alta volatilidade da bolsa norte-americana e a ausência de gatilhos relevantes no cenário doméstico neste fim de ano", avaliou o Gestor Igor Lima, da Galt Capital.

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