Fitch aguarda implementação de agenda de Bolsonaro antes de reavaliar rating do Brasil

Em fevereiro, a agência cortou a classificação do país para BB-, com perspectiva estável

Rio de Janeiro e São Paulo

As agências de classificação de risco Fitch e Standard&Poor's reforçaram nesta segunda-feira (3) a necessidade de o governo Jair Bolsonaro (PSL) implementar reformas consideradas fundamentais para a retomada do crescimento econômico do país.

A Fitch vai monitorar a implementação da agenda econômica de Bolsonaro, sob responsabilidade de Paulo Guedes, antes de definir uma mudança na nota de crédito soberano do Brasil, disse o presidente da agência no país, Rafael Guedes.

Em fevereiro, a Fitch cortou o rating do Brasil para BB-, com perspectiva estável, citando o retrocesso na saúde fiscal do país, após o governo do presidente Michel Temer ter desistido de aprovar a reforma da Previdência.

Segundo Guedes, se implementada, a agenda liberal de Bolsonaro ajudará no crescimento econômico do país.

Pelas práticas da Fitch, um rating com perspectiva estável, como é o caso do brasileiro, leva em média 18 meses para ser alterado.

O executivo afirmou que a maior preocupação da Fitch é com a sustentabilidade da dívida do Brasil no médio e longo prazos e, por isso diversas reformas precisam ser implementadas --a previdenciária é a prioritária.

"A reforma da Previdência sem dúvida é essencial e a mais importante, mas não a única. O Brasil tem fraqueza em várias áreas. Tem de reduzir gastos, sem mais impostos, atrair investimentos e crescer mais", disse Guedes.

"Para mexer no rating, vai depender de qual reforma da Previdência será aprovada. Um período de transição muito longo traz no curto pouco alívio para as contas públicas. Não é fazer a reforma, mas sim qual a reforma que será aprovada", disse.

O governo atual tentou aprovar a reforma no Congresso, mas não teve apoio suficiente. Nos últimos dias, Bolsonaro chegou a dizer que essa proposta é um pouco agressiva com o trabalhador.

Em relatório divulgado nesta segunda, a agência Standard&Poor's afirmou que o otimismo econômico com Bolsonaro será testado nos próximos seis meses.

De acordo com a agência, o mercado espera ver "rapidez na tomada de medidas de austeridade fiscais" --como a aprovação das reformas fiscal e da Previdência.

Para S&P, o mercado reagiu muito bem a eleição de Bolsonaro, porém, no próximo ano o governo brasileiro ainda deve continuar enfrentando os desafios fiscais, como a pressão da previdência sobre as contas públicas, o baixo investimento e a baixa liquidez da dívida pública.

A expectativa da S&P para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) subiu de 2,2% para 2,4%.

A agência de risco mantém a nota do país em B-, com expectativa de estabilidade.

A expectativa do relatório da agência se mostra cético e conservador em relação ao próximo governo. Segundo os analistas, sua agenda de reformas deverá passar pelo Congresso. E, ainda de acordo com o relatório, Bolsonaro não tem um amplo suporte no legislativo.

Com Reuters

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