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Cifras & Letras

Livro registra turbulência do BNDES no governo Temer

Maria Silvia Bastos Marques dá pistas sobre sua saída abrupta da instituição

Flavia Lima
São Paulo

 

 

Vontade Inabalável

  • Preço R$ 49,90, 320 págs.
  • Autor Maria Silvia Bastos Marques
  • Editora Primeira Pessoa

"Fiquei muito aborrecida por meu nome ter sido citado duas vezes na conversa gravada por Joesley e, depois, mencionado pelo presidente em fala na televisão, no contexto de assunto relativo à JBS. Após a gravação da conversa de Joesley com o presidente, pensei em renunciar imediatamente. Mas esperei alguns dias, pois o tumulto era grande." 

Assim a executiva Maria Silvia Bastos Marques, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) entre junho de 2016 e maio de 2017, explica a sua turbulenta saída do banco, uma semana depois que veio a público o áudio da conversa fora da agenda oficial entre Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, e o presidente Michel Temer.

O nome de Maria Silvia apareceu na conversa porque o BNDES, acionista da empresa, vetara a operação de transferência da sede da JBS para o exterior.

A passagem está em "Vontade Inabalável", livro em que a executiva se propõe a esmiuçar a sua carreira.

Embora tenha deixado o BNDES sem dar declaração, Maria Silvia não se furta a falar sobre os quase 12 meses à frente do banco. 

É preciso, porém, controle para não pular os nove capítulos anteriores e ir logo ao último, em que o tema aparece.

A ex-presidente do BNDES Maria Silvia Bastos Marques - Sergio Moraes - 22.nov.2016/Reuters

Em maio de 2016, ela é sondada pelo então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para assumir a presidência do BNDES, no que seria sua segunda passagem pelo banco. Na primeira, no início dos anos 1990, durante o governo Collor, participou do processo de privatizações. 

Com carta branca para montar a sua diretoria, diz sim a Temer, por telefone mesmo, horas depois de falar com Meirelles. No livro, ela se refere ao presidente como um homem "cortês", mas não vai além.

Diferentemente da primeira vez no banco, porém, esta última foi bastante atribulada. 

Maria Silvia enfrentou questões delicadas, como o redesenho dos empréstimos para as empresas envolvidas na Lava Jato, a criação da TLP, a taxa de longo prazo introduzida para eliminar gradativamente os subsídios do banco, e a Operação Bullish, da Polícia Federal --para apurar suspeitas de irregularidades nos aportes do BNDES à empresa JBS entre 2007 e 2011. 

Quando assumiu, diz no livro, existiam em curso 52 auditorias sobre o banco, número que dobrou em pouco tempo e a levou a se aproximar de instituições de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União). 

Lendo o livro, a sensação que fica é que, à medida que se aproximava dos órgãos de controle, se afastava dos funcionários do banco, com os quais, ela mesma admite, teve uma relação difícil. 

À época de sua saída, foi dito que teria caído porque fechara as torneiras dos empréstimos, desagradando empresários e associações de classe. 

No livro, ela mesma diz que, quando assumiu, a expectativa era de que conduzisse um novo ciclo de concessões no banco. Os desembolsos, no entanto, caíram de 4,3% do PIB em 2010 para 1,4% do PIB em 2016-- segundo ela, porque não havia demanda.

Prestes a completar 62 anos e atual presidente no Brasil do banco de investimento americano Goldman Sachs, a executiva tem um currículo que vai além do banco de fomento: Maria Silvia participou da equipe que negociou com credores externos no governo Collor, foi secretária da Fazenda do Rio de Janeiro no período do prefeito Cesar Maia, assumiu a presidência da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) após a privatização, foi presidente da Icatu Seguros e da Empresa Olímpica Municipal, criada para organizar os Jogos Olímpicos de 2016. 

Outro aspecto que chama atenção no livro é que a condição de primeira mulher em todos os cargos pelos quais passou não escapa à executiva. 

Grávida de gêmeos quando assumiu a CSN, em 1996, diz que lá simbolizou o "rompimento com uma forma de proceder e de ser." 

Bem antes disso, a primogênita de três irmãos transgrediu ao escapar ao destino das mulheres da família abastada de Bom Jesus do Itabapoana, no norte fluminense: ser professora, casar e ter filhos. 

O livro se propõe a mostrar a trajetória da executiva e os processos adotados por ela por onde passou.
 

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TEORIA E ANÁLISE

1º/1º Scrum, Jeff Sutherland, ed. LeYa, R$ 34,90
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3º/2º Rápido e Devagar, Daniel Kahneman, Ed. Objetiva,  R$ 62,90
4º/4º  Arriscando a Própria Pele, Nassim Nicholas Taleb, Ed. Objetiva, R$ 54,90
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Prática e Pessoas


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2º/1º Me Poupe!, Nathalia Arcuri, Ed. Sextante, R$ 29,90, 
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5º/4º Seja Foda!, Caio Carneiro, Ed. Buzz, R$ 39,90


Lista feita com amostra informada pelas livrarias Curitiba, da Folha, da Vila, Saraiva e Argumento; os preços são referências do mercado e podem variar 
 

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