Tesouro muda regras de pagamento para acabar com pedalada de fim de ano

Na virada do ano, era comum que despesas com pessoal de dezembro fossem atrasadas para janeiro

Mariana Carneiro
Brasília

O Tesouro Nacional está mudando as regras para efetivar o pagamento de despesas públicas, o que fechará a porta para uma pedalada fiscal que costumava ocorrer no fim de cada ano. A alteração foi anunciada nesta terça-feira (18) pelo secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, que permanecerá no cargo na gestão Jair Bolsonaro.

A partir de agora, uma vez emitida a ordem bancária de pagamento, o Tesouro paga no mesmo dia. Até então, isso poderia levar até sete dias.

Alteração foi anunciada pelo secretário do Tesouro, Mansueto Almeida; ele permanecerá no cargo na gestão de Jair Bolsonaro
Alteração foi anunciada pelo secretário do Tesouro, Mansueto Almeida; ele permanecerá no cargo na gestão de Jair Bolsonaro - Alan Marques/Folhapress

Na virada do ano, era comum que despesas com pessoal de dezembro fossem atrasadas para janeiro, aproveitando a brecha. Isso ajudou no cumprimento de metas fiscais em anos em que os gastos ficaram no limite do valor aprovado pelo Congresso Nacional.

Não é um valor irrelevante. Essa discrepância chega a R$ 32,9 bilhões nesta virada de ano. O governo vai efetivamente pagar essa despesa em janeiro, quando a ordem bancária for efetivada. São gastos relativos a salários e Previdência de servidores.

A mudança não terá impacto sobre a meta fiscal de 2018 ou 2019 ou sobre o teto de gastos, afirmou Mansueto.

O secretário disse que costurou essa saída com o TCU (Tribunal de Contas da União) e com a CGU (Controladoria Geral da União), desde agosto, e evitou a divulgação para que essa alteração não abrisse demanda por mais gastos no governo federal.

Isso ocorre porque, na prática, a transferência dessa despesa de dezembro para janeiro, neste primeiro ano, abrirá um espaço extra de R$ 32,9 bilhões no Orçamento. 

Segundo Mansueto, o entendimento construído é que esse espaço não pode ser consumido por novos gastos. "É como esse espaço não existisse, não será aberto esse espaço dentro do teto", afirmou.

A partir do ano que vem, esse espaço some porque os gastos de 12 meses estarão computados no mesmo exercício. Nesta transição, porém, a conta de restos a pagar engordará R$ 32,9 bilhões também por efeito transitório da mudança. 

A diferença de sete dias para a consumação do pagamento era algo do passado, quando as ordens eram feitas em papel e encaminhadas dessa forma ao Banco do Brasil, responsável pela conta do Tesouro.

Mansueto afirma que o aperfeiçoamento foi feito por meio de nota técnica e que a partir de agora os números de pagamento registrados pelo Tesouro serão iguais aos que aparecem no Siafi ( Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), o que dará mais transparência também na avaliação externa, feita por sistemas que espelham o Orçamento online, como o Siga Brasil e o Siop (Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento).

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