Com vendas fracas de iPhone e freio da China, lucro e receita da Apple caem

Empresa, que já viu o valor de mercado despencar, estima que faturamento vá cai 10% neste trimestre

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San Francisco

A Apple registrou a primeira queda simultânea de lucro e receita em um quarto trimestre após mais de uma década, resultado atribuído à desaceleração econômica na China e à menor demanda por novos iPhones.

A receita total foi de US$ 84,3 bilhões, queda de 5% em relação ao ano anterior. O lucro, por sua vez, recuou 0,5%, para US$ 20 bilhões.

O desempenho decepcionante era esperado desde o dia 2, quando a Apple, pela primeira vez em 16 anos, reviu sua previsão para o trimestre. 

Como esperado, lucros da Apple estagnaram; companhia atribui resultado à demanda chinesa
Como esperado, lucros da Apple estagnaram; companhia atribui resultado à demanda chinesa - AFP

Mas o anúncio desta terça-feira (29) indica um caminho difícil à frente para a empresa, que há apenas cinco meses se tornou a primeira companhia avaliada em mais de US$ 1 trilhão.  Desde outubro, no entanto, perdeu cerca de um terço de seu valor de mercado.

No balanço, a empresa estimou que o faturamento poderá cair até 10% neste trimestre, como resultado das vendas decepcionantes de iPhone.

No trimestre passado, as vendas do smartphone, que respondem por dois terços do total da receita da empresa, caíram 15%, para US$ 52 bilhões.

Após anos de expansão e lucros recordes, a Apple parece estar entrando num período de vulnerabilidade. Embora tenha algum sucesso com novos produtos como o Apple Watch, a empresa não encontrou outro produto com o impacto global do iPhone, que foi lançado há mais de uma década. 

​E ela é singularmente vulnerável à redução da demanda dos consumidores na China, assim como a potenciais tarifas nos EUA sobre produtos fabricados no país asiático. 

A Apple poderá enfrentar maior pressão financeira se o governo Trump impuser tarifas aos telefones fabricados na China —o que o presidente Donald Trump já ameaçou fazer. O grosso dos produtos é feito em fábricas chinesas.

Agora há novas preocupações sobre uma falha de segurança no iPhone.

Na segunda-feira (28), clientes da Apple disseram que um usuário do iPhone poderia ligar para outro e escutar as conversas daquela pessoa pelo microfone do aparelho, mesmo que o receptor não atendesse a ligação. 

O problema era consequência de um bug envolvendo o aplicativo FaceTime. A companhia prometeu solucionar o caso até o fim da semana. 

Hoje é mais difícil dar mais detalhes sobre os iPhones porque a Apple recentemente parou de revelar quantas unidades vende por trimestre. 

Luca Maestri, diretor financeiro da Apple, disse em entrevista que as vendas caíram em grande parte porque os atuais donos de iPhones estão esperando mais para atualizar seus aparelhos, tendência que continuou no trimestre atual. 

E há preocupações de que alguns clientes chineses estejam evitando os produtos Apple por orgulho nacional, especialmente depois que as autoridades americanas apresentaram acusações contra a Huawei e sua diretora financeira, Meng Wanzhou, citando uma tentativa de dez anos atrás de roubar segredos comerciais, obstruir uma investigação criminal e escapar das sanções econômicas ao Irã.

“Não previmos a magnitude da desaceleração econômica, particularmente na Grande China”, disse neste mês o presidente-executivo da Apple, Tim Cook.

Mas alguns dados sugerem que a empresa enfrenta problemas mais fundamentais com seus negócios na China. Os consumidores chineses parecem estar preferindo smartphones semelhantes, mas menos caros, de fabricantes chineses, especialmente da Huawei. 

As vendas totais na região que inclui a China caíram 25% no quarto trimestre, para US$ 13,17 bilhões. 
Maestri, diretor financeiro da Apple, disse que a companhia reduziu os preços na China do iPhone XR, o novo aparelho de preço mais baixo, mas o tamanho do desconto não ficou imediatamente claro. 

“Nós realmente vimos a situação econômica na China continuar se deteriorando durante o trimestre.” 
Apesar do resultado negativo, as ações da Apple negociadas no after market, que acontece após o fechamento do pregão tradicional, subiram mais de 5% nesta terça. 

The  New York Times, tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves; com Financial Times e The Wall Street Journal

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