Associação de empregados do BNDES critica planos do governo de acabar com BNDESPar

Secretário Salim Mattar disse que há intenção de encerrar a unidade de participações do banco

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São Paulo | Reuters

A intenção do governo federal de acabar com a BNDESPar, unidade de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vai na contramão das práticas de instituições de desenvolvimento multilaterais no mundo e ameaça o fomento ao mercado de renda variável no país, segundo a AFBNDES, associação dos empregados do banco.

A manifestação vem após o secretário de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, ter dito no começo da semana que o governo Jair Bolsonaro quer fechar a BNDESPar após vender todas as fatias que detém em companhias. Mattar afirmou que tais participações valem 110 bilhões de reais.

Salim Mattar, secretário de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia
Salim Mattar, secretário de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia - Amanda Perobelli/Reuters

"Quando declara que não há razão para o governo ter carteira de ações de empresas, o secretário não polemiza apenas com 40 anos de atuação da BNDESPar, também confronta a estratégia das principais instituições de desenvolvimento multilaterais, como o Banco de Desenvolvimento da Ásia, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Mundial (...)", afirmou a AFBNDES em nota à Reuters.

A associação também argumentou que o plano ameaça o fomento ao mercado de renda variável, que, na visão da entidade, enfrenta a rentabilidade superior dos títulos de renda fixa, "anomalia causada por décadas de taxas de juros altíssimas".

Para a entidade, por meio da BNDESPar o BNDES apoia empresas em setores de alta produtividade e de alta tecnologia, incluindo setores de energia renovável e saúde, incluindo as fases pré-operacionais de empreendimentos, etapas que não costumam contar com grande interesse de outros investidores.

Hoje, a BNDESPar é a maior investidora nacional em fundos de capital semente e ventures capital, disse a associação, alegando que isso contribui para que as empresas precisem no futuro menos do banco nas captações de longo prazo.

A associação afirmou que de 2001 a 2016 a BNDESPar respondeu por cerca de 30% da lucratividade do sistema BNDES, e teve valorização de 413%. Já o Ibovespa, principal índice de ações do país, subiu 294,7%. O CDI, referência da rentabilidade da renda fixa, saltou 675,8%.

De acordo com a última demonstração financeira disponível da BNDESPar, sua carteira em setembro de 2018 compreendia títulos de 124 empresas, incluindo ações em 94, e de 42 fundos, "com valores concentrados principalmente nos setores de petróleo e gás, mineração, papel e celulose, energia elétrica, alimentos e bebidas e bens de capital".

Dentre as empresas nas quais a BNDESPar tem grandes investimentos, estão Petrobras, Vale, Suzano, Eletrobras, AES Tietê, Klabin, Embraer, JBS, Copel e Fibria.

Questionado via assessoria de imprensa sobre os pontos levantados pela Reuters, Mattar não respondeu de imediato.

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