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Brexit gera formação de estoques e beneficia a Coca-Cola

Fabricante de bebidas se diz 'encorajada' por resultados e mantém previsão

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Peter Wells
Nova York | Financial Times

A formação de estoques como proteção contra um brexit desordenado resultou em estímulo adicional à receita e lucro ajustado da Coca-Cola, no primeiro trimestre, o que ajudou a fabricante de bebidas a superar ligeiramente as projeções dos analistas de Wall Street.

A Coca-Cola reportou alta de 5% em sua receita líquida, ante o período em 2018, para US$ 8 bilhões, e informou estimar que cerca de dois pontos percentuais do crescimento de vendas "se relacionavam primariamente aos estoques criados pelos engarrafadores para administrar incertezas relacionadas ao brexit" [saída britânica da União Europeia], acrescentando que o lucro por ação também havia crescido em cerca de 2% pelo mesmo motivo.

No começo do ano, a direção da Coca-Cola European Partners (CCEP), a maior engarrafadora independente de Coca-Cola no planeta, revelou que havia começado a formar estoques de ingredientes no Reino Unido a fim de minimizar qualquer preocupação que possa derivar de uma saída britânica da União Europeia. O Reino Unido respondeu por cerca de um quinto das vendas da CCEP, que atingiram os 11,5 bilhões de euros em 2018.

Ainda que a data efetiva do brexit tenha sido postergada em cerca de seis meses depois disso, a direção da CCEP destacou a possibilidade de tarifas ou atrasos no transporte como os maiores riscos que enfrenta. Em termos mais amplos, as incertezas do brexit levaram muitas empresas a começar a formar estoques de insumos.

Em termos gerais, James Quincey, presidente-executivo da Coca-Cola, se declarou "encorajado" pelos resultados do grupo e disse que "continuamos confiantes em nossas projeções para o ano", que são de aproximadamente 4% de crescimento nas receitas orgânicas e de uma faixa de flutuação de entre menos 1% e mais 1% no movimento do lucro por ação.

A empresa havia alertado meses atrás que antecipava queda no crescimento de vendas em 2019, e adotou tom cauteloso sobre seus mercados fora da América do Norte, que respondem por quase dois terços de sua receita.

A receita líquida total da Coca-Cola em seu trimestre fiscal encerrado em 29 de março, US$ 8 bilhões, superou ligeiramente a estimativa média de US$ 7,9 bilhões entre os analistas pesquisados pela Refinitiv, e o lucro ajustado de 48 centavos de dólar por ação ficou 2% acima do resultado do período no ano passado, a despeito dos fatores cambiais adversos, e superou em dois centavos de dólar por ação as expectativas do mercado.

A companhia sediada em Atlanta informou que as vendas mundiais de refrigerantes gasosos cresceram em 1%, graças ao forte desempenho de sua principal marca e da Coca Zero. A divisão de águas, águas fortificadas e bebidas esportivas da companhia, um de seus focos na redução da dependência da empresa quanto a refrigerantes açucarados, registrou alta de receita de 6%.

O volume de vendas da divisão de sucos, laticínios e bebidas de base vegetal da companhia não cresceu, já que o forte desempenho de algumas de suas marcas no México e Índia foi compensado pela fraqueza de seus produtos no Oriente Médio. O volume de vendas de café e chá também não mostrou mudança. A queda nas vendas de chá na Turquia contrabalançou os benefícios do lançamento de novos produtos no Japão e China.

As ações da Coca-Cola mostravam alta de 3,1% antes da abertura dos mercados na manhã de terça-feira.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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