Cidades de SP terão inédito fornecimento de gás de bagaço de cana-de-açúcar

Presidente Prudente e a vizinha Pirapozinho devem contar até o 2º semestre de 2020 com biocombustível

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Emerson Voltare
Narandiba (SP)

Pela primeira vez no Brasil, cidades serão abastecidas por biometano gerado a partir de sobra da cana-de-açúcar que produz açúcar e etanol.

Presidente Prudente (560 km a oeste da capital paulista) e a vizinha Pirapozinho, com seus 230 mil habitantes, devem contar até o segundo semestre do ano que vem com o biocombustível hoje 45% mais barato do que o que se abastece por lá carros e caminhões.

Funcionários de usina colhem cana em plantação
Funcionários de usina colhem cana em plantação - Edson Silva/Folhapress

Distantes a quase 200 km do gasoduto que traz gás natural da Bolívia e corta o estado de São Paulo, a região, já próxima ao Pontal do Paranapanema, receberá um investimento na casa dos R$ 160 milhões.

O combustível será produzido na unidade de Narandiba (60 km ao sul de Presidente Prudente) da usina Cocal, que promete investir R$ 130 milhões no projeto. 

Os R$ 30 milhões restantes ficarão com a GasBrasiliano, subsidiária para o governo paulista na distribuição de gás em diversas cidades do estado.

O biometano será produzido por meio da biodigestão do bagaço, da vinhaça e da palha da cana.

Após o processo, o gás chegará por tubulações, que serão viabilizadas de acordo com a demanda dos consumidores das cidades.

A GasBrasiliano deve construir cerca de 65 km de rede de distribuição.

“O projeto viabiliza a chegada do gás a novos municípios a partir de uma nova fonte de suprimento”, afirma o diretor-presidente da empresa, Walter Fernando Piazza Júnior.

De acordo com o diretor-superintendente da Cocal, Paulo Zanetti, “a demanda por biogás tem aumentado significativamente”. 

“Identificamos uma tecnologia capaz de garantir a produção por 12 meses. Não apenas no período da safra”, afirma o executivo.

Segundo ele, a usina de Narandiba terá capacidade de oferecer até 67 mil metros cúbicos de biometano por dia. 

A demanda desses dois municípios, por enquanto, é de 12,5 mil metros cúbicos, segundo estimativas da GasBrasiliano.

O governo paulista já regulamentou, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, a distribuição de biometano na rede de gás canalizado nos municípios paulistas, de acordo com o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido.

“A Arsesp [agência reguladora de saneamento e energia do estado de São Paulo] elaborou em 2017 a deliberação nº 744 para a distribuição de biometano na rede de gás canalizado”, disse o diretor-presidente da agência, Hélio Castro.

A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já havia regulamentado o uso do biometano em janeiro de 2015.

A queima do poluente metano, que minimizaria as emissões de gases estufa na atmosfera, é considerada por pesquisadores e o mercado uma alternativa econômica e ecologicamente correta para incrementar e diversificar a matriz energética nacional.

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