Azul não tem interesse por leilão de slots da Avianca, diz executivo

Segundo empresa, é inviável operar ponte-aérea com menos de 15 voos diários

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Campinas

A Azul não tem interesse em participar de um possível leilão pelos slots utilizados pela Avianca, aérea que está em recuperação judicial.

A afirmação foi feita nesta segunda-feira (3), em Campinas, pelo diretor de distribuição e alianças da empresa, Marcelo Bento Ribeiro, antes de evento que celebrou o primeiro voo para Porto (Portugal), nova rota oferecida pela aérea. Ele ainda disse que a companhia é contra a isenção de bagagens nos voos.

“O formato de leilão que foi aprovado é esse fatiado em sete partes, e a gente não vai participar disso, porque não tem condições.”

O centro do problema é o aeroporto de Congonhas. A Avianca operava 21 voos por dia no local e, para operar a ponte-aérea, a Azul avalia que são necessários no mínimo 15 voos.

Como a proposta prevê o fatiamento desses voos, não se torna viável economicamente para a empresa, em sua avaliação.

“O que estamos preocupados é que, se esses slots forem perdidos e voltarem para a Anac, sejam distribuídos de acordo com as regras atuais. Serão divididos entre nós, Gol e Latam. Elas, que já têm 88% dos slots, vão para mais de 90%, juntas. Nós teríamos mais sete [hoje são três] e, com sete, não se faz uma ponte-aérea.”

Segundo ele, o que está ocorrendo é algo que a empresa afirmou tempos atrás, de a crise na Avianca se arrastar, os empregos serem perdidos e a empresa acabar sendo dissolvida.

A Avianca deverá demitir mil funcionários em junho, de acordo com documento protocolado pela Alvarez & Marsal, administradora do processo de recuperação judicial da empresa.

A aérea iniciou no último dia 13 um processo de demissão em massa que já cortou mais de mil empregados, segundo os sindicatos dos aeroviários e dos aeronautas, e teve seus voos suspensos pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em 24 de maio. Ela alega que a iniciativa de suspender as operações foi tomada pela própria Avianca.

BAGAGENS

De acordo com o diretor da Azul, a cobrança pelo despacho de bagagens deve existir até por uma questão de justiça.

“Não existe almoço de graça. Quando falo de faturamento, pouco importa, porque o serviço tem um custo para a gente. Ou seja, a bagagem não se desmaterializa no checkin e se materializa magicamente na esteira de bagagem [do destino]. Tem todo um serviço dotado de equipamentos, de pessoas, de terceiros [...] O que vai acontecer é o repasse puro e simples para a passagem”, afirmou.

Segundo ele, o que o movimento de cobrança da bagagem fez foi deixar transparente isso. “Você quer levar bagagem, você paga por esse serviço. Não quer levar bagagem, não paga. Quando o governo nos obriga a colocar de volta, todo mundo vai pagar por esse serviço e isso vai ser repassado, porque a gente não vai absorver esse custo. Não existe mágica.”

O diretor ainda disse acreditar que a autorização da não cobrança de bagagens dificultará a entrada de aéreas low-cost (baixo custo) no país.

A cobrança de bagagens nos aviões depende de decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ele tem até 17 de junho para avaliar o projeto de conversão de lei. Bolsonaro pode optar por sancioná-lo integralmente ou em partes ou ainda vetá-lo.

Na última semana, ele afirmou que, independentemente da decisão, será criticado, mas disse que tem se baseado em estudo sobre o aumento do gasto de combustível com o despacho de bagagem.

"No momento, digo que estou convencido, mas posso mudar, a vetar o dispositivo", disse em sua live semanal. "Você vetando ou sancionando, vai levar critica, vai levar tiro de qualquer jeito.” Segundo ele, se sancionar, será criticado pelo setor aéreo e, se vetar, pelos passageiros.

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) encaminhou recomendação à Casa Civil da Presidência para que a gratuidade fosse vetada.

DESTINOS

A Azul deve iniciar as operações em dois novos destinos em São Paulo com a redução do ICMS que incide sobre o querosene de aviação, de 25% para 12%.

Araraquara deve iniciar em setembro. O segundo destino, Guarujá, depende de melhorias no aeroporto.
 

O jornalista viajou a convite da Azul

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