H&M suspende compra de couro do Brasil

Segunda maior varejista de moda do mundo parou de comprar couro brasileiro devido a queimadas na Amazônia

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Estocolmo | Reuters

A H&M (Hennes et Mauritz), segunda maior varejista de moda do mundo, disse nesta quinta-feira (5) que parou de comprar couro do Brasil temporariamente devido a preocupações ambientais ligadas a incêndios na Amazônia.

"Devido aos graves incêndios na parte brasileira da Floresta Amazônica e às conexões com a produção de gado, decidimos suspender temporariamente o couro do Brasil", afirmou a H&M em comunicado.

"A proibição permanecerá ativa até que existam sistemas de garantia críveis para verificar se o couro não contribui para danos ambientais na Amazônia", afirmou o documento.

Uma porta-voz da H&M disse que a maioria do couro do grupo é originária da Europa e que uma parte muito pequena é do Brasil.

Em nota, o ministério da Agricultura disse que buscará "mostrar a todos os compradores de couro do Brasil, que a produção agropecuária é sustentável e que não existe motivos para esta suspensão". 

A reportagem não conseguiu contato com o CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil) até o fechamento deste texto.

H&M
H&M foi multada em € 35,3 milhões (cerca de R$ 234 milhões) por “bisbilhotar” a vida de funcionários na Alemanha - Leonhard Foeger/Reuters

Em janeiro do ano passado, a marca sueca foi acusada de racismo nas redes sociais após fazer uma campanha publicitária em que mostrava um garoto negro com um casaco em que se lê: "Coolest monkey in the jungle" (em português, "O macaco mais legal da floresta").

A varejista H&M pediu desculpas e anunciou a retirada da propaganda.

Em setembro, a marca voltou a ser alvo de polêmica, ao ser acusada de não cumprir uma promessa de garantir um "salário digno" a trabalhadores que desenvolviam suas peças de roupa em países como Bulgária, Turquia, Índia e Camboja.

De acordo com a CCC (Clean Clothes Campaign, associação de defesa de trabalhadores do setor têxtil), a empresa sueca não cumpriu um acordo assumido em 2013 de que garantiria que seus fornecedores pagassem um salário digno a cerca de 850 mil trabalhadores até 2018.

"Não há um nível universalmente aceito para os salários dignos, e os níveis salariais devem ser definidos e estabelecidos pelas partes no mercado de trabalho por meio de negociações justas entre empregadores e representantes dos trabalhadores, e não por marcas ocidentais", disse à Reuters uma porta-voz da H&M à época.​

Couro brasileiro

A gestora da Kipling, Timberland, Vans e outras quinze marcas confirmou, no dia 29 de agosto, que iria suspender o uso do couro brasileiro até que haja uma segurança em relação à origem dos produtos. 

Na mensagem, a empresa também defendeu que seus negócios "visam empoderar movimentos de estilo de vida ativo e sustentável".

"Desde 2017, nós aprimoramos nosso abastecimento global de couro através de estudos para garantir que os fornecedores de couro estejam de acordo com nossos requisitos de abastecimento responsável."

No grupo de marcas de grife da VF Corporation que suspenderam as compras de couro brasileiro estão Timberland, Dickies, Kipling,Vans, Kodiak,Terra, Walls, Workrite, Eagle Creek, Eastpack, JanSport, The North Face, Napapijri, Bulwark, Altra, Icebreaker, Smartwoll e Horace Small.

Com reportagem de São Paulo

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