Itaú prevê crescimento em linhas mais arriscadas

Uso de cartão de crédito e crédito pessoal continuará avançando, diz banco

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São Paulo

O Itaú Unibanco projeta uma demanda maior de consumidores por linhas de crédito de maior risco, como cartão de crédito e crédito pessoal. De acordo com o presidente do banco, Candido Bracher, tal avanço pode refletir em uma alta nos níveis de inadimplência e no volume de reservas para cobrir eventuais calotes.

O crescimento da carteira de empréstimos do maior banco do país veio, principalmente de pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas, que avançaram 14,9% e 24,5%, respectivamente.

Segundo Bracher, além da maior procura dos consumidores por essas modalidades, a expectativa também é de um avanço mais equilibrado com as linhas de consignado e imobiliário.

“Continuaremos a observar o crescimento nessas linhas no próximo trimestre. Mas boa parte disso é ditado pelo mercado e cada uma dessas linhas têm seu nível de inadimplência característico. Se o risco crescer, certamente haverá um impacto no nível de inadimplência e nas provisões”, afirma.

Agência do banco Itaú na avenida Duque de Caxias, no centro de São Paulo - Zanone Fraissat - 12.nov.14/Folhapress

A taxa de calotes do Itaú ficou em 2,9% no terceiro trimestre, patamar estável em relação a igual período de 2018. Já o custo de crédito da instituição registrou um aumento de 37,8% no período, para R$ 4,5 bilhões.

 Para o professor da Saint Paul Escola de Negócios Maurício Godoi, a combinação do mix de produtos não apenas resultará em um aumento na inadimplência, nas provisões e consequentemente no custo de crédito, como pode interferir na média do spread [diferença entre o custo de captação de recursos para o banco e a taxa de juros de empréstimos] e dos juros para o consumidor na ponta.

 “A manutenção da inadimplência nesse patamar fica muito mais difícil ante uma carteira de crédito mais agressiva e posta em linhas de pouca ou nenhuma garantia”, explica. Ele reitera que, na prática, o aumento de inadimplência ou reflete em juros maiores para compensar o maior risco tomado ou em uma manutenção de juros mesmo frente a queda da Selic –o que significaria uma expansão dos spreads.

 O maior volume de provisões, por sua vez, também implica em um maior custo de crédito do banco. Segundo Bracher, a expectativa é de que o Itaú encerre este ano com um nível de custo de crédito próximo ao teto do intervalo de projeções (o chamado guidance). “É correto imaginar que este ano ficará dentro o previsto, mas ainda mais perto da parte mais alta do intervalo projetado”.

 A previsão do banco é que o custo de crédito em 2019 fique entre R$ 12,5 bilhões e R$ 15,5 bilhões.

Operações no exterior

Os protestos no Chile --que entram em sua terceira semana contra a desigualdade social-- e a transição de governo na Argentina para Alberto Fernández também podem impactar o banco.

De acordo com o vice-presidente executivo de finanças do Itaú, Milton Maluhy Filho, porém, não houve ainda nenhum impacto no resultado ou que mereça maior atenção da instituição.

“É uma situação que temos acompanhado diariamente, mas até o momento não vemos nenhum impacto material no banco. Tivemos alguns percalços, algumas agências impactadas, mas conseguimos operar com contingência, muito em função dos canais digitais”, afirma Maluhy sobre a operação chilena.

Sobre a Argentina, Bracher reitera que apesar da operação do banco ser relativamente pequena no país, a postura do Itaú ainda dependerá de como a economia evoluirá com o novo governo.

“Estamos em um momento de espera. Precisamos ver o que vai acontecer para só então impormos um ritmo na operação argentina. Só então decidiremos se vamos acelerar o crescimento ou se optaremos por reduzir o apetite de crédito por lá”, conclui.

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