Brasil faz 1ª emissão de dívida por meio de blockchain

Emissores de dívida e investidores visam tecnologia como meio de eliminar intermediários e reduzir custos

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Aluísio Alves
São Paulo | Reuters

O Brasil teve a primeira negociação com debênture por meio de blockchain (espécie de banco de dados descentralizado que usa criptografia para registrar as transações), o que pode abrir caminho para o uso da tecnologia de registro distribuído para captação de recursos no mercado de capitais.

A transação foi realizada na segunda-feira (16) por meio da Piemonte, gestora carioca de recursos, com debênture emitida por ela própria e subscrita em ambiente fechado.

A emissão de R$ 66 milhões foi distribuída em 440 títulos de R$ 150 mil cada a cinco investidores qualificados, portanto sem esforço de colocação no mercado.

A iniciativa acompanha movimentos similares recentes feitos no exterior. O Banco Mundial emitiu por meio do blockchain 110 milhões australianos (R$ 306,7 milhões), distribuída entre investidores na própria Austrália.

O espanhol Santander emitiu em setembro US$ 20 milhões (R$ 81,3 milhões) por meio do blockchain, seguindo o que já fizera meses antes o francês Société Générale, numa emissão equivalente a 100 milhões de euros (R$ 453,8 milhões).

Emissores de dívida e investidores têm estado de olho no blockchain, uma plataforma de registros compartilhados, como meio de eliminar intermediários, cortar custos e burocracia para emissão e negociação de títulos no mercado de capitais.

A tecnologia ganhou visibilidade por ser a infraestrutura por trás do bitcoin, a mais famosa dentre as criptmoedas.

Diferentes das moedas virtuais, que têm provocado forte reação de reguladores bancários e de mercado ao redor do mundo, o blockchain vem sendo gradualmente implementado por instituições financeiras e por uma série de grandes companhias devido ao potencial de dar maior transparência e de reduzir custos.

No caso da Piemonte, o projeto foi feito em associação com a fintech norte-americana Horizon Globex, a primeira a realizar emissão privada de ações por meio do blockchain.

Segundo o italiano Alessandro Lombardi, fundador e presidente da Piemonte, a gestora adaptou a tecnologia à legislação brasileira, aplicando-a para a emissão privada de debênture.

"Foi o início de um caminho. Mas no futuro, com uma regulação por parte do Banco Central e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), esse pode ser excelente instrumento para as empresas se financiarem por meio do mercado de capitais", disse.

Esta é a segunda emissão de debêntures da Piemonte. A primeira, em 2017, foi feita de forma tradicional.

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