Não haverá crescimento do mercado imobiliário de SP em 2020, diz entidade

Segundo Secovi, 'imponderável na economia' faz com que vendas e lançamentos sejam iguais aos de 2019

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São Paulo

O Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário de SP) afirma que a hesitação do governo federal no andamento da agenda de reformas, associado a demandas de mudanças no Plano Diretor de São Paulo, pode frear o ritmo de expansão do mercado.

O ano de 2020 deve ser de estabilidade nos lançamentos e vendas de imóveis em São Paulo, após o mercado ter registrado o maior crescimento desde 2007.

“O imponderável tem sido cada vez mais frequente. É difícil a gente prever [as condições macroeconômicas em 2020]. O governo tem posições complexas. Agora, nessa manhã, parece que a reforma administrativa voltou ao radar, que entendemos que é muito importante para o país. Efetivamente, precisamos equilibrar nossas contas e não apenas cobrando mais impostos. Tem de se reduzir o custo governo”, diz.

Para o sindicato, o ciclo de recuperação do mercado imobiliário está completo e é preciso manter “o pé no chão” em 2020. A entidade projeta estabilidade no volume de vendas e lançamentos e um aumento de 10% no VGV (Valor Global de Vendas), que é a receita total das empresas. Foram lançados 55,5 mil imóveis em São Paulo em 2019 e vendidos 44,7 mil.

No âmbito local, o setor reivindica uma recalibragem da lei de zoneamento em São Paulo, permitindo um número de maior de unidades por metro quadrado de terreno. A revisão desses parâmetros foi discutida pelo município em 2019, mas uma decisão judicial impediu o envio do projeto à Câmara.

Segundo Jafet, os ajustes nessa limitação de aproveitamento dos terrenos seriam uma solução provisória até o próximo ano, quando terá início a discussão de revisão do Plano Diretor –e quando o setor conseguiria colocar em análise mudanças o modelo de urbanização, que, para ele, não atende as necessidades atuais de moradia.

Do total de imóveis residenciais lançados ano passado, 49% era do segmento econômico. No mesmo período, foram vendidos 44,7 mil imóveis residenciais na capital. Além de muito superior à média de 28,6 mil anuais desde 2004, o número se distancia dos 16,2 mil em 2016, quando o setor atingiu a patamar mais crítico.

O aumento na participação de imóveis econômicos no total do mercado cresceu principalmente a partir de 2016, quando a legislação em São Paulo favoreceu a aderência ao Minha Casa Minha Vida. 

Com isso, segundo Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, os imóveis novos em São Paulo estão menores –66% têm menos de 45 metros quadrados- e distantes dos eixos de interesse definidos pela legislação de zoneamento municipal (áreas próximas a corredores de transporte e futuras estações de metrô).

No ano passado, 67% dos imóveis econômicos foram construídos em outras zonas da cidade. Os bairros Santo Amaro e Sacomã, no sul da capital paulista, concentram hoje boa parte dos lançamentos; são 4.151 no primeiro, e 3.170, no segundo. 

Para o diretor-executivo do Secovi-SP, Emilio Kallas, sem alteração na legislação para construção, os preços deverão subir no médio prazo. Inicialmente, os estoques devem absorver a demanda. Ele diz que as restrições acabaram encarecendo os preços dos terrenos. Além disso, Kallas considera ter havido um represamento de 20% a 30% nos preços de imóveis nos últimos anos, muito devido à oferta alta. “Ou o preço vai aumentar, ou a gente muda a legislação. A gente não tem certeza por quanto tempo a população vai continuar conseguindo comprar”, diz.

Se a recuperação se completou no segmento econômico, o potencial ainda é alto para atender as famílias de renda maior, na faixa de R$ 8.000 a R$ 18 mil. Segundo Kallas, se o percentual de aproveitamento for ajustado, os imóveis ficarão mais baratos, incluindo mais gente nas possibilidades de financiamento. 

Em 2019, 18,7 mil imóveis foram lançados no segmento médio e alto padrão, mais do que os 14,4 mil do ano anterior, mas ainda muito distante dos 33,9 mil registrados em 2010. 

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