O Fed, banco central americano, cortou, de forma extraordinária, a taxa de juros dos Estados Unidos para a faixa de 0 a 0,25% neste domingo (15).
Esta redução, de um ponto percentual, é semelhante aos estímulos monetários da crise econômica de 2008. Em dezembro daquele ano, o Fed diminuiu o piso do juro em um ponto percentual e o teto em 0,75 ponto percentual.
Neste ano, as taxas já haviam sido reduzidas em 3 de março, para mínima e máxima de 1% e 1,25%, respectivamente. Naquela ocasião, o corte —o primeiro extraordinário para combate aos efeitos econômicos gerados pela crise do novo coronavírus —havia sido de 0,5 ponto.
Em comunicado, o banco afirma que a redução visa amenizar os impactos econômicos do em curto prazo.
“Esperamos manter a taxa nesse nível até estarmos confiantes com a economia”, disse Jerome Powell, presidente do banco, em teleconferência com jornalistas neste domingo para comentar as medidas. Geralmente, a entrevista é presencial após as decisões do Fed, mas, com a pandemia de coronavírus, a coletiva presencial foi evitada.
Assim como na primeira redução, a medida deste domingo visa amenizar os impactos da pandemia sobre a economia americana no curto prazo.
Com juros baixos, fica mais barato tomar crédito e empreender e menos vantajoso manter o dinheiro em aplicações de renda fixa, tornando o mercado acionário mais atrativo.
Como as ações são maneiras de se investir em empresas, a ida de investidores para a Bolsa também pode contribuir para uma aceleração da atividade econômica.
No primeiro corte, Powell disse que o coronavírus mudou o cenário para a economia do país neste ano, trazendo novos desafios e riscos.
Naquele dia, as Bolsas americanas tiveram queda de cerca de 3%. Neste domingo, os índices futuros de Nova York caíram cerca de 6%. Na Europa, os índices futuros caíam cerca de 4% às 22h40.
Investidores estão céticos quanto aos efeitos positivos de um corte de juros na economia e temem que o risco do coronavírus seja maior do que precificam. Segundo analistas, reduções de impostos teriam efeitos mais significativos. A medida, defendida pelo presidente Donald Trump, depende da Câmara americana.
"O surto de coronavírus prejudicou comunidades e interrompeu a atividade econômica em muitos países, incluindo os Estados Unidos. As condições financeiras globais também foram significativamente afetadas", disse o Fed neste domingo.
Após o novo corte neste domingo, Trump comemorou e disse que está "muito feliz".
O Fed também anunciou injeção de US$ 700 bilhões na economia via compra de títulos do Tesouro americano e de títulos garantidos por hipotecas nos próximos meses.
"O Federal Reserve está preparado para usar toda a sua gama de ferramentas para apoiar o fluxo de crédito para famílias e empresas e, assim, promover suas metas máximas de emprego e estabilidade de preços", diz o comunicado.
O banco também ressaltou que continuará monitorando novas informações e seus impactos para as perspectivas econômicas e para saúde pública e que "usará suas ferramentas e atuará conforme apropriado para apoiar a economia".
O Fed também fez um acordo com os bancos centrais de Canadá, Inglaterra, Japão, Suíça e BCE (Banco Central Europeu) para aumentar a liquidez dos mercados via redução do juro das operações de swap.
Nesse tipo de contrato, cada uma das pontas que o negociam se compromete a pagar a oscilação de uma taxa ou um ativo (no caso do contrato cambial, as mudanças no dólar).
(Com Reuters)
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