Corte na produção de petróleo frustra e Bolsa brasileira cai 1,19%

Mesmo com queda, Ibovespa tem a melhor semana desde 2016

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São Paulo

O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (9) em queda de 1,19%, aos 77.681 pontos, na contramão das Bolsas de Valores no exterior.

Segundo especialistas, a queda acompanha uma frustração do mercado acerca do corte na produção de petróleo, decidido nesta quinta por uma reunião virtual entre os membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e aliados como forma de reduzir os impactos trazidos pela crise do coronavírus.

O acordo –que coloca fim aos atritos entre Arábia Saudita e Rússia, os dois maiores produtores de petróleo do mundo– estabeleceu uma redução de 10 milhões de barris por dia, sendo 5 milhões de barris dos dois maiores produtores e outros 5 milhões entre os demais participantes da Opep.

Funcionário trabalha na Bolsa de Valores de Nova York
Funcionário trabalha na Bolsa de Valores de Nova York; Ibovespa tem queda em véspera de feriado mas acumula ganhos de 11,7% na semana, maior volume para o período desde março de 2016 - Michael Nagle/Xinhua

O volume, segundo especialistas, ficou abaixo do esperado. O trato também estabeleceu que os cortes na produção reduziriam ao longo do tempo, chegando ao final em abril de 2022.

As expectativas pelo resultado do acordo trouxeram volatilidade aos preços do petróleo ao longo do dia. O barril do Brent, por exemplo, reverteu uma alta de 11% para encerrar a sessão desta quinta-feira com queda de 2,89%, aos US$ 31,89. Desde o início do ano, os preços do petróleo caíram pela metade.

Por conta do noticiário externo, as ações da Petrobras estiveram entre as mais negociadas e encerraram o pregão com quedas de 2,89% nas ações preferenciais (sem direito à voto) e de 3,66%, nas ações ordinárias (com direito à voto).

Segundo Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos, as atenções estavam voltadas para a reunião da Opep nesta quinta, mas as reações do mercado também já começam a refletir outros movimentos.

“O corte anunciado foi menor do que o esperado, mas os impactos disso já estão mais limitados e vemos os mercados reagindo mais às respostas dos bancos centrais e aos estímulos financeiros para conter a crise do coronavírus”, afirma.

O analista dá o exemplo do Fed, banco central americano, que recentemente anunciou um estímulo de US$ 2,3 trilhões para apoiar a economia dos EUA.

Salomão afirma, também, que apesar de o coronavírus ser o principal fator de guia da Bolsa de Valores, o ambiente político brasileiro deve ter impacto mais adiante.

“Estamos passando por uma grande guerra com o novo vírus e isso abafa um pouco as questões políticas que vivemos por aqui. Mas a partir do momento em que o mundo tiver mais clareza sobre a pandemia, o lado fiscal virá à tona”, disse o analista da Rico.

Apesar da queda do Ibovespa nesta quinta, o índice acumulou ganhos de 11,71% na semana, o maior desde março de 2016. O volume financeiro chegou a R$ 25,2 bilhões. No mercado internacional, S&P e Dow Jones subiram 1,45% e 1,2%%, respectivamente. O índice europeu Stoxx 50 subiu 1,46%

O dólar, por sua vez, encerrou a sessão desta quinta-feira (9) com queda de 1,01%, aos R$ 5,0920. Segundo Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, a queda, que também se baseou no noticiário externo, sinaliza um ambiente positivo para a próxima semana.

Depois de alguns dias de sofrimento, o dólar chegou a beliscar os R$ 5,05 nesta quinta-feira e sinaliza boas expectativas para tentar romper a barreira dos R$ 5 na próxima semana. O mercado está colado ao internacional e é cedo para falar, mas as indicações são de que estamos indo no caminho certo”, disse.

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