Sem provas, dono da Havan e Osmar Terra dizem que pico de mortes da pandemia já passou no Brasil

Ambos defendem mudanças do Ministério da Saúde na divulgação dos dados da doença

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São Paulo

O empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan, e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) afirmaram na noite desta segunda-feira (8) que o pico de casos de coronavírus no país já passou. As afirmações, feitas em vídeoconferência do empresário em uma rede social, contrariam os dados do número de casos e mortes confirmados no país.

O empresário e o político defenderam a mudança anunciada pelo Ministério da Saúde na divulgação e na contagem dos dados de casos e óbitos da doença. Especialistas afirmam, no entanto, que o atraso do governo na divulgação de estatísticas da Covid-19 e a sonegação de informações sobre casos da doença podem configurar crime.

Ambos afirmaram que medidas de restrição à circulação impostas por estados podem causar mais mortes —o que contraria recomendações da Organização Mundial da Saúde— e prejudicam a economia do país.

“Muitas mortes que estão aparecendo hoje [como óbitos confirmados de coronavírus] são de muito tempo atrás. Não refletem a morte que está acontecendo hoje. As de hoje e o número de internações estão bem inferiores ao que já aconteceu”, disse o dono da Havan.

​Osmar Terra disse ter sugerido ao ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, que as mortes que tiverem confirmação de que a causa foi o coronavírus sejam computadas nas estatísticas do dia em que o óbito ocorreu.

“Tem que pôr a data no dia em que morreu, porque se não a curva fica errada, fica distorcida. [...] Isso cria a falsa impressão de que está piorando, e não está, a curva está caindo”, afirmou.

“Nada mais lógico do que você computar a morte pelo dia em que o paciente morreu, não pelo dia em que está sendo notificado [o óbito]. Se não, a gente está recebendo uma carga de óbitos agora que aconteceu lá atrás”, disse Hang.

A epidemia do coronavírus, segundo Terra, dura até 14 semanas. No Brasil, teria começado na última semana de março e estaria, portanto, no fim. Ao citar dados de registros de óbitos em cartórios, o deputado afirmou que o pico de mortes em decorrência da doença teria sido em 14 de maio.

Para Terra, as mais de 38 mil mortes de coronavírus no Brasil são agravadas pela quarentena, uma vez que o contágio dentro de casa seria maior. O país, no entanto, começou enfraquecer o isolamento social mesmo antes de diminuir o número de mortes diárias pela Covid-19. Entre os dez países com mais óbitos no mundo, somente brasileiros e mexicanos estão nessa situação.

“Você acha que 38 mil mortes no Brasil em poucas semanas é achatamento de alguma curva? Não, 38 mil mortos em isolamento, com o país fechado, em quarentena. [...] Pior só se tivesse um terremoto junto. As mortes aconteceram na quarentena [...], ela não tem reduzido o número de vítimas e tem um efeito secundário que é quebrar toda a economia”, disse o deputado.

Terra criticou o estudo da Imperial College segundo o qual a quarentena evitaria centenas de milhares de mortes pelo coronavírus. “Fizeram uma conta só no papel, é uma projeção matemática, não é uma evidência científica”, disse Terra, sem detalhar quais seriam os problemas metodológicos da pesquisa.

“Que economia de cidade ou estado consegue ficar seis meses fechada? Se nós pudermos trabalhar usando máscaras, com segurança, lavando as mãos, usando álcool, por que não fazer? Não existe nenhuma base científica [que ampara a quarentena]”, afirmou Hang.

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