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Embraer fecha financiamento de R$ 3,1 bi após fracasso de acordo com Boeing e pandemia

Metade do crédito vem do BNDES, mas contrato não é um socorro estatal tradicional

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São Paulo

A Embraer fechou um contrato de financiamento de exportações de até US$ 600 milhões (R$ 3,1 bilhões neste segunda, 15), com prazo de até quatro anos.

A operação teve forte mão estatal, embora não seja um socorro clássico. Metade do valor será financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o resto, por um consórcio de bancos, 50% estatal, 50% privado.

A liquidez, em meio a uma grande crise do setor aeroespacial devido à pandemia da Covid-19, dará um respiro à empresa paulista após o fracasso de suas negociações para ter a área de aviação comercial comprada pela gigante americana Boeing.

Voo de exibição do modelo E195-E2, maior jato comercial fabricado pela Embraer
Voo de exibição do modelo E195-E2, maior jato comercial fabricado pela Embraer - Embraer - 12.set.2019

Em abril, o negócio foi desfeito pelos americanos, que alegaram a falta de cumprimento de detalhes do acordo pelos brasileiros.

A Embraer negou, apontou a grave crise financeira da Boeing como o motivo e abriu um processo de arbitragem nos EUA para tentar reaver parte de seus gastos com o processo (R$ 87 milhões só neste ano) e as multas que acha que lhe são devidas.

A empresa teve um prejuízo de R$ 1,3 bilhão no primeiro trimestre deste ano, creditando o resultado à finalização de detalhes do acordo com a Boeing, que pararam a produção em janeiro, e à pandemia da Covid-19, que desarranjou todo o mercado aéreo.

A operação não é um socorro com injeção de dinheiro estatal, como o que está sendo discutido para as empresas áereas brasileiras, que devem lançar debêntures conversíveis.

Trata-se de financiamento de capital de giro para exportações, na modalidade de pré-embarque, com taxas de juros de mercado segundo a empresa.

O objetivo é dar um sinal de vitalidade. No mundo todo há cancelamentos de encomendas de empresas aéreas devido ao baque da pandemia, que reduziu em alguns momentos o tráfego de passageiros em 90% na Europa e nos EUA.

Até aqui, a Embraer diz que apenas mudou datas de entregas, mas que não perdeu nenhum negócio para o coronavírus.

O fato de trabalhar com aviões de menor capacidade, os chamados jatos regionais, a qualifica para uma posição boa quando houver alguma retomada no setor —que não deve atingir os níveis de 2019 em menos de cinco anos, pela média das previsões.

A expectativa da Embraer é, após ter sua linha comercial reintegrada ao restante da empresa nos próximos meses, trabalhar por uma associação com outra parceira externa.

Há candidatas na China, Índia e Rússia, já que a rival europeia da Boeing, a Airbus, se posicionou no nicho da aviação regional comprando a linha da canadense Bombardier.

O processo será conduzido pelo executivo Arjan Meijer, que cuidava de estratégia de vendas da área. Ele foi anunciado também nesta segunda como substituto de John Slattery, que comandava a área de aviação comercial, mas que saiu para ser presidente da americana GE Aviation.

Meijer era o braço-direito de Slattery desde 2016, o que dentro da empresa é visto como sinalização de uma transição sem ruptura.

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