Ainda que considere que ainda não “vimos o pior relacionado ao vírus”, Larry Fink, fundador e presidente da BlackRock, afirma que o mundo passou de uma posição de medo e compaixão com a pandemia do novo coronavírus para uma visão mais pragmática. E citou a aceleração dos casos de Covid-19 no Brasil, em partes dos Estados Unidos e na Índia.
“Nesse momento estamos vendo uma taxa de mortalidade de 0,5%. As democracias podem sobreviver com uma taxa de mortalidade de 0,5%?”, questionou o gestor em uma entrevista gravada para o evento da XP.
Ele diz que os mercados financeiros e a economia real foram estabilizados pelas medidas de estímulo monetário e fiscal, mas que o estrago deixado pela pandemia será conhecido nos próximos três meses, quando será possível descobrir se as pequenas e médias empresas sobreviveram ao período de isolamento.
“Qual é a viabilidade dos restaurantes, do setor de turismo e de eventos, das lojas de departamentos? Essas são perguntas não respondidas e que podem ser respondidas em três meses”, afirmou.
Para Fink, se elas não se recuperarem, então as Bolsas podem estar sobrevalorizadas.
A injeção de recursos por governos criou tal distorção que gestores de seguradoras e fundos de pensão estão com dinheiro em caixa para aplicar, mas esses grandes investidores temem entrar agora no mercado, que pode estar caro.
Apesar de ver a crise longe de um fim, ele disse não acreditar que as pessoas voltarão a trabalhar 100% em escritórios. E disse que os negócios que melhor se adaptarão ao novo mundo serão aqueles preocupados com funcionários, clientes e dispostos a investir em tecnologia.
Isso, segundo ele, já está aparecendo na Bolsa: poucos grandes vencedores (que são principalmente as grandes empresas de tecnologia) e muitos perdedores.
Ele acrescentou também que a questão climática tem sido cada vez um tema entre clientes da gestora.
“Risco climático é risco de investimento. Se não levar isso a sério, o investidor pode ter problemas”, completou.
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