Otimismo global faz dólar alcançar o menor patamar em um mês

Moeda cai 2,45% ante expectativas de estímulos econômicos e vacinas contra a Covid-19

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São Paulo

O maior otimismo no cenário internacional e as expectativas sobre a entrega da primeira parte da proposta da reforma tributária pelo governo animaram o mercado e tiraram a pressão do câmbio, levando o dólar ao menor patamar desde 23 de junho. O dólar terminou o dia a R$ 5.2210, em queda de 2,45%.

No exterior, o maior apetite por risco por parte dos investidores fez a moeda perder força entre divisas. O real liderou os retornos do dia, seguido pelo peso chileno e pela coroa tcheca. Como o dólar é considerado um investimento cambial mais conservador, a maior confiança dos investidores aumenta a busca por ativos de maior risco –como moedas de países emergentes.

O otimismo nos mercados globais foi trazido pela possibilidade de que uma vacina contra o coronavírus esteja disponível ainda neste ano e pela expectativa de mais estímulos financeiros –principalmente com o acordo entre líderes da União Europeia sobre a criação de um fundo de 750 bilhões de euros (R$ 4,5 trilhões) para a recuperação das economias na Europa.

Funcionário trabalhando na Bolsa de Valores de Nova York;
Funcionário trabalhando na Bolsa de Valores de Nova York; - Michael Nagle - 19.mar.2020/Xinhua

“Além disso, os juros futuros também subiram bastante, principalmente com o risco de aumento na inflação se ocorrer o fim da desoneração da cesta básica na reforma tributária enviada por Guedes [ministro da Economia] para a Câmara”, disse a analista de ações da Spiti Corretora, Cristiane Fensterseifer.

O otimismo internacional também influenciou positivamente na Bolsa de Valores pela manhã, mas o Ibovespa, principal índice acionário do país, acabou perdendo a força após a entrega da primeira parte da reforma tributária pelo governo.

Segundo o analista da Toro Investimentos Daniel Herrera, o mercado doméstico acabou dando o tom das movimentações da Bolsa por aqui e a sinalização de que ainda é só um primeiro passo na direção de uma solução fiscal para o país acabou acalmando os ânimos dos investidores no mercado de ações.

“Começamos o dia com uma expectativa grande com a reforma tributária, muita gente animada com a ideia de que as reformas voltariam à pauta do governo, mas o que vimos ser entregue ainda foi uma solução muito tímida. Foi dado o passo mais fácil, mas não é ele que vai mudar a situação fiscal do Brasil”, afirmou.

Ao longo da tarde, a Bolsa inverteu o sinal positivo e começou a andar de lado. Ao final do dia, o Ibovespa caiu 0,11%, aos 104.309 pontos.

O mercado internacional foi bastante positivo. S&P 500 e Dow Jones subiram 0,17% e 0,60%, respectivamente. O Euro Stoxx 50, principal índice acionário europeu, terminou o dia em alta de 0,50%.

Entre os principais destaques do dia, os papéis da Qualicorp caíram 6,41%, a R$ 29,81, após notícias de que seu fundador e ex-presidente, José Seripieri Filho, o Júnior, foi preso pela manhã em uma operação que investiga irregularidades relacionadas à campanha eleitoral de José Serra de 2014, quando ele foi eleito senador por São Paulo.

As ações da Via Varejo também estiveram entre as mais negociadas na Bolsa nesta terça-feira, ainda reflexo da segunda-feira, quando a companhia publicou e apagou em sua conta no Twitter dados que apontam altas nas vendas da companhia no segundo trimestre. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu inquérito para apurar as informações. A ação caiu 2,60%, a R$ 20,62.

Segundo Herrera, no entanto, o impacto dessas duas ações na Bolsa foi pequeno. “Qualicorp tem um tamanho relativo muito pequeno no Ibovespa. Via Varejo é mais relevante, mas os papéis já vinham de um movimento de alta nas últimas semanas e é normal que haja certa correção. Mas são situações muito pontuais que não contaminam a Bolsa”, disse.

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