IRB perde R$ 685 milhões no segundo trimestre e conclui aumento de capital

Empresa tenta se recuperar de crise de credibilidade provocada por esquema de fraude contábil

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Rio de Janeiro

Com pressão dos impactos da pandemia do novo coronavírus, a resseguradora IRB Brasil Re fechou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 685 milhões. Tentando se reconstruir após a descoberta de um esquema de fraudes na gestão anterior, a companhia anunciou também a conclusão de aumento de capital de R$ 2,3 bilhões.

A divulgação do balanço nesta segunda (31) fez as ações da resseguradora caírem na bolsa de São Paulo, chegando a perda superior a 7% durante a manhã. Por volta de meio dia, a queda estava em torno de 3,7%.

Segundo a empresa, o prejuízo foi provocado pelo impacto da desvalorização cambial em suas negócios no exterior e por efeitos relacionados à Covid-19, como pedidos de antecipação de pagamentos por seus clientes e revisões de relatórios de regulações de sinistros também pelos clientes.

Divulgação de prejuízo no segundo semestre fez ações do IRB iniciarem o dia em queda na Bolsa de Valores de São Paulo. - Rahel Patrasso - 10.jul.2019/Xinhua

A desvalorização cambial elevou em 8% o valor dos prêmios emitidos pelo IRB no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando a empresa teve lucro de R$ 397 milhões.

Em junho, após investigação sobre manipulação de dados pela diretoria anterior, o IRB decidiu republicar seus balanços de 2018 e 2019, reduzindo os lucros divulgados anteriormente. Em 2019, o ganho foi cortado em R$ 550 milhões.

Na ocasião, o novo comando da empresa reconheceu manipulações contábeis que haviam sido denunciadas no fim de 2019 pela corretora Squadra, em relatório que detonou uma crise de credibilidade sobre a situação financeira da seguradora e derrubou seu valor em bolsa.

O esquema, que envolveu o pagamento de R$ 60 milhões em bônus por desempenho irregulares, foi denunciado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), à Susep (Superintendência de Seguros Privados) e ao Ministério Público Federal.

Em entrevista nesta segunda, o presidente do IRB, Antônio Cássio dos Santos, disse que a empresa pode pedir na Justiça ressarcimento dos prejuízos, caso as fraudes sejam comprovadas pelos órgãos competentes.

Santos assumiu logo após a demissão do comando anterior. Ele diz que a companhia está em meio a um processo de reconstrução e que os sistemas de controle hoje já são "suficientes" para evitar que fraudes semelhantes voltem a acontecer.

As irregularidades contábeis levaram a Susep a abrir uma fiscalização sobre a companhia, que identificou insuficiência de liquidez regulatória, um parâmetro que garante que a empresa tenha ativos suficientes para cobrir todos os sinistros de seus contratos.

Santos disse que, com o aumento de capital, a insuficiência caiu de R$ 3,3 bilhões para cerca de R$ 1 bilhão. A expectativa da empresa é zerar o número até o fim do ano. "A gente está muito tranquilo e seguro", afirmou.

A operação de aumento de capital terá a emissão de 331,8 milhões de novas ações, com a adesão de mais de cem mil acionistas, entre investidores tradicionais e de varejo, segundo informou a companhia.

​Santos frisou que a seguradora colocou em prática ainda um plano de revisão de portfólio, com o objetivo de focar nos contratos mais rentáveis. Um estudo interno mostrou que três das maiores contas da empresa representaram prejuízo de R$ 568 milhões desde o início de 2018. "Não queremos mais essas contas na companhia", afirmou o executivo

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