O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (10) que autorizou a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) a notificar supermercados pela alta de preços de alimentos da cesta básica.
O Ministério da Economia, de Paulo Guedes, porém, enviou um ofício questionando a decisão do órgão do Ministério da Justiça, comandado por André Mendonça. A resposta tem de ser dada em cinco dias.
Em sua live semanal, Bolsonaro disse que foi consultado por André Mendonça, ministro da Justiça, pasta à qual a secretaria está subordinada.
"André Mendonça falou comigo: 'posso botar a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor para investigar, perguntar para supermercados por que o preço subiu?' Eu falei 'pode'. E ponto final. Porque, ao chegar a resposta, pode ser que o errado somos nós. Pode ser o governo, daí o governo toma providência e ponto final", disse Bolsonaro, desta vez não ao lado de algum de seus ministros, mas de uma criança youtuber.
Na quarta-feira (9), a Senacon notificou a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e representantes de produtores de alimentos.
O anúncio foi feito no momento em que o presidente dos supermercadistas, João Sanzovo Neto, era recebido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro Paulo Guedes (Economia) no Palácio do Planalto.
Sanzovo Neto sugeriu, após o encontro, que os brasileiros substituam o arroz, produto com preço em alta, pelo macarrão.
Conforme mostrou a Folha, a medida do Ministério da Justiça pegou de surpresa as pastas de Guedes e de Tereza Cristina (Agricultura) por soar intervencionista. Os ministérios vinham trabalhando em uma ação de mercado contra a alta dos preços, especialmente a do arroz.
Integrantes do Ministério da Economia descartam qualquer tipo de medida semelhante a um controle de preços por parte do governo.
Na live, Bolsonaro disse que não interferiria no mercado, pois o que tem que valer é a lei da oferta e da procura. Citou como uma das providências tomadas a compra de 400 mil toneladas de arroz do exterior sem o imposto de importação.
O presidente atribuiu o aumento do preço do arroz a dois fatores: o aumento do consumo por causa do pagamento do auxílio emergencial e a alta do dólar, que estimulou a exportação do produto.
"Com o auxílio emergencial, o pessoal comeu... começou a consumir um pouco mais, um pouquinho mais, mas um pouquinho perto de milhões de pessoas, realmente, ajudou a desaparecer um pouco esta mercadoria das prateleiras", disse Bolsonaro.
"O dólar está alto, facilita as exportações também. Tenho conversado sempre com os ministros, presidente do Banco Central, [sobre] o que a gente pode fazer para o dólar aí não subir tanto, o que o governo pode fazer legalmente, obedecendo as regras do mercado", disse o presidente.
Na mesma live, Bolsonaro disse que não haverá nova prorrogação do auxílio emergencial.
"Não vai ter uma nova prorrogação porque o endividamento cresce muito, o Brasil perde confiança, juros podem crescer, pode voltar inflação", afirmou o presidente.
Bolsonaro recomendou que aqueles que desejam receber auxílio por mais tempo procurem prefeitos e governadores que restringiram o funcionamento do comércio como uma maneira de minimizar a transmissão do novo coronavírus.
"Não quero culpar ninguém não, mas vão pedir auxílio para quem tirou seu emprego, né, para quem falou 'fique em casa'. Fique em casa, o Brasil todo parou. 'Fique em casa, a economia a gente vê depois'. Chegou o boleto para pagar", afirmou o presidente.
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