Candidatos do Reino Unido e da Arábia Saudita sobreviveram inesperadamente ao primeiro turno de votação na corrida para comandar a OMC (Organização Mundial do Comércio), ao lado de três outros candidatos, incluindo as duas favoritas para o cargo.
Liam Fox, ex-secretário de Comércio Internacional do Reino Unido, e Mohammad Maziad Al-Tuwaijri, ministro saudita que assessora a corte real sobre economia, passarão para a segunda das três rodadas de votação para diretor-geral da OMC, conforme anunciado na sexta-feira (18).
Eles serão acompanhados pelas duas favoritas, Amina Mohamed, do Quênia, e Ngozi Okonjo-Iweala, da Nigéria, e por Yoo Myung-hee, ministra do Comércio da Coreia do Sul.
Os candidatos eliminados foram Hamid Mamdouh, um ex-negociador egípcio e funcionário da OMC, Jesús Seade Kuri, veterano formulador de políticas mexicano, e Tudor Ulianovschi, ex-ministro das Relações Exteriores da Moldávia.
Embora a eliminação de Ulianovschi fosse amplamente prevista, as expectativas entre muitas autoridades comerciais em Genebra e as probabilidades em casas de apostas sugeriam que o candidato saudita e provavelmente Fox também sairiam perdendo, com Mamdouh ou Seade vencendo.
Depois que o resultado foi anunciado, Fox disse: "Meu tempo como ministro do Reino Unido em uma das maiores economias do mundo com uma agenda de desenvolvimento respeitada me permitiu ter uma noção real das oportunidades e frustrações entre os membros [da OMC]. Estou ansioso para continuar esta campanha".
A União Europeia não está concorrendo a nenhum candidato depois que seu ex-comissário de Comércio, Phil Hogan, se retirou da disputa. Seus Estados membros detêm 27 votos dos 164 membros da OMC. Eles decidiram coletivamente apoiar Mohamed, Okonjo-Iweala, Yoo e Mamdouh.
Mas autoridades da UE dizem que também houve um volume surpreendente de apoio a Fox, apesar de ele ter defendido o Brexit, e a Al-Tuwaijri.
A segunda rodada do concurso reduzirá o campo restante de cinco para dois nas próximas semanas. O vencedor será decidido em um terceiro turno de votação no início de novembro.
Autoridades comerciais dizem que Mohamed e Okonjo-Iweala continuam sendo as favoritas para chegar à rodada final, embora a disputa entre elas continue muito próxima. A OMC nunca teve uma mulher ou um africano como diretor-geral.
A data atual para anunciar o vencedor é 7 de novembro, alguns dias após a eleição presidencial dos Estados Unidos. Algumas autoridades comerciais e especialistas suspeitaram que os EUA obstruiriam o processo como parte de seu protesto contra a forma como a organização funciona, mas até agora não houve sinal disso.
David Walker, embaixador da Nova Zelândia na OMC que está presidindo o processo de seleção, disse na sexta-feira: "Durante os seis dias de consultas, ficou claro para nós que todos os membros estão comprometidos e totalmente envolvidos neste processo".
O diretor-geral da OMC tem pouco poder executivo e desempenha principalmente um papel convocador e facilitador entre os Estados membros da instituição.
A vaga surgiu inesperadamente após a saída do ex-diretor-geral, o brasileiro Roberto Azevêdo, um ano antes do término de seu mandato.
A OMC enfrenta um futuro incerto depois que críticas persistentes do governo Trump culminaram com os Estados Unidos paralisando no ano passado a principal instituição judicial da organização, o órgão de apelação, ao se recusar a nomear juízes para substituir os que se aposentavam.
Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves
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