Descrição de chapéu Coronavírus

No Reino Unido, empresa pede desculpas por tentar comprar vacinas contra Covid-19

Imobiliária disse que 'ouviu dizer' que havia doses sobrando; imunização no país será pública ao menos até que grupos vulneráveis estejam protegidos

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Bruxelas

Após tentar comprar vacinas contra a Covid-19 diretamente de clínicas que prestam serviço ao sistema público de saúde britânico, a empresa imobiliária Hacking Trust acabou se desculpando publicamente no último final de semana.

No Reino Unido, assim como na Europa em geral, a venda de vacinas e sua distribuição fora dos serviços públicos não é cogitada enquanto todos os grupos prioritários não tiverem sido imunizados.

Além da escassez atual de imunizantes, autoridades de saúde europeias dizem que o motivo é de saúde pública: as vacinas não impedem a transmissão, e fornecê-las a jovens por via privada pode dar a eles uma falsa segurança, elevando o risco para os idosos e doentes.

Outro argumento apresentado é o de que é preciso ter controle centralizado de quem está recebendo cada uma das duas doses e de seus efeitos.

No Brasil, na semana passada, o Ministério da Saúde defendeu a possibilidade de compra de vacina pela iniciativa privada depois que o SUS estiver abastecido. Grandes empresários que querem comprar vacinas para a Covid-19 afirmaram ao governo que, para isso, estão dispostos a doar uma parte para o governo.

O Hacking Trust, que negocia imóveis de luxo, chegou a oferecer 5.000 libras (mais de R$ 35 mil) a clínicas gerais de Bristol (sudoeste da Inglaterra) e Worthing (sul do país). Em e-mail, obtido pelo jornal britânico The Telegraph, a empresa imobiliária disse que o dinheiro poderia ser doado a instituições de caridade ou passados diretamente aos profissionais contatados.

Em comunicado, a empresa afirmou que apenas tentou comprar vacinas que estariam sendo desperdiçadas: “Ouvimos dizer que algumas vacinas não estavam sendo utilizadas devido a consultas perdidas. Pedimos desculpas por nossas boas intenções terem sido mal interpretadas. À luz das críticas recebidas, queremos sublinhar que nunca foi nossa intenção omitir filas ou listas de espera. Só estávamos interessados ​​em saber sobre vacinas para o mesmo dia sendo jogadas fora”.

O Hacking Trust não afirmou a quem se destinavam os imunizantes. O e-mail foi enviado da filial do Hacking Health Trust da empresa, especializada em "procurar comprar propriedades médicas comerciais em todo o país".

Segundo o jornal britânico “The Sun”, em dezembro médicos particulares relataram que estavam sendo “bombardeados” por pacientes que propunham pagar para “pular a fila” da vacina. Ao veículo, Roshan Ravindran, dono de uma clínica em em Wilmslow (norte da Inglaterra), afirmou que clientes ofereceram 2.000 libras (mais de R$ 14 mil) por uma dose.

Na Dinamarca, entidades empresariais também sugeriram que o setor privado pudesse atuar na imunização contra o coronavírus, mas a autoridade de saúde afirma que o país vai manter sua campanha pública e gratuita.

No Brasil, o processo para a compra de 5 milhões de doses da vacina indiana Covaxin pelas clínicas privadas brasileiras está “muito bem encaminhado” e a aquisição será feita assim que sair registro definitivo do imunizante no Brasil.

A afirmação é do presidente da ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacina), Geraldo Barbosa, que integrou a comitiva que visitou as instalações da empresa na Índia, na semana passada.

A Bharat Biotech, fabricante da Covaxin, deve pedir o registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no próximo mês.

A negociação do setor privado para vacinação tem despertado polêmica. Especialistas em saúde pública dizem que, por se tratar de uma vacina ainda pouco disponível no mundo, a oferta no setor privado pode criar uma disputa com o SUS, aumentando as desigualdades e atrasando a imunização dos grupos prioritários.

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