Descrição de chapéu Banco do Brasil

Compra de mansão por Flávio dificulta indicação de executivo do Banco de Brasília ao BB

Com o episódio, Bolsonaro pretende adotar solução caseira e nomear vice-presidente para o lugar de André Brandão

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Brasília

A revelação de que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) comprou uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília com financiamento pelo Banco de Brasília (BRB) dificultou a indicação de Paulo Henrique Costa, atual presidente da instituição financeira, para assumir o Banco do Brasil.

Costa era, até a semana passada, considerado um dos favoritos para o posto. Ele tinha como padrinho o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), aliado de Bolsonaro. O Banco de Brasília é controlado pelo governo distrital.

Obtida pela Folha, a escritura do imóvel adquirido pelo senador indica que ele financiou boa parte da compra pelo BRB com taxas que variam de 3,65% a 4,85% ao ano. As condições de financiamento foram mais benéficas do que as que costumam ser oferecidas pelo mercado. O documento informa que R$ 3,1 milhões do valor do imóvel foram financiados pela instituição financeira.

O episódio foi avaliado no Palácio do Planalto como um fator que inviabiliza uma nomeação. O receio do presidente, segundo assessores palacianos, é que uma indicação para o Banco do Brasil passe a impressão de que houve uma troca de favores.

Hoje, a tendência é que Bolsonaro adote uma solução caseira para a instituição financeira. Com o apoio do ministro Paulo Guedes (Economia), ele tende a colocar no posto o vice-presidente corporativo do Banco do Brasil, Mauro Neto. A expectativa é que o anúncio seja feito até sexta-feira (5).

Neto era servidor no extinto Ministério do Planejamento, onde atuava com empresas estatais. Foi um dos responsáveis pela implantação da Lei de Responsabilidade das Estatais, que criou critérios mais rígidos para escolha de dirigentes.

Ele chegou ao Banco do Brasil pelas mãos do ex-presidente Rubem Novaes, que o conheceu durante a transição do governo, em 2018. Ribeiro foi trabalhar inicialmente com Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente Hamilton Mourão.

Na sucessão de Novaes, o nome de Mauro tinha sido cogitado, mas sua idade, na época 32 anos, pesou contra. Nos últimos dias, Mauro tem afirmado para os colegas, segundo relatos feitos à Folha, que ele não será o escolhido devido à sua idade. O fator, porém, não é considerado um empecilho pelo presidente.

Bolsonaro tem buscado para o lugar do economista André Brandão, atual presidente do Banco do Brasil, alguém com quem tenha mais afinidade. Apesar do bloco do centrão manifestar interesse no cargo, o presidente já disse que quer um nome com experiência no setor bancário.

Na avaliação de assessores presidenciais, a nomeação de um executivo que já faz parte do Banco do Brasil também evitaria criar instabilidade no mercado financeiro, sobretudo após a decisão de Bolsonaro de intervir na Petrobras.

Na quinta-feira (25), o presidente foi informado que Brandão não pretende seguir no cargo. A informação foi transmitida a Bolsonaro por Guedes.

Após desavenças em janeiro com Brandão, Bolsonaro havia manifestado em janeiro interesse em trocá-lo do cargo, mas não pretendia fazê-lo agora. Brandão resolveu se antecipar para não ter o mesmo destino do economista Roberto Castello Branco, demitido da Petrobras.

A mansão em Brasília é o 20º imóvel que Flávio adquire em um intervalo de 16 anos —considerando um andar com 12 salas comerciais de que foi proprietário. A intensa atividade imobiliária do senador foi revelada pela Folha em 2018.

Antes de fechar o negócio em Brasília, segundo levantamento patrimonial, Flávio tinha dos imóveis: o apartamento na Barra da Tijuca, adquirido por R$ 2,5 milhões, com financiamento, e uma sala comercial num shopping da zona oeste, avaliada em R$ 150 mil.

Na denúncia oferecida contra o senador no caso das "rachadinhas", o Ministério Público do Rio de Janeiro apontou que as operações de compra e venda de dois imóveis foi usada para lavagem de dinheiro.​

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