Bancos estrangeiros reduzem crédito ao Brasil, mas ampliam empréstimos globais

Falta de recursos vista na crise de 2008/2009 não se repetiu na pandemia, segundo BIS

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São Paulo

Ao contrário do que ocorreu na crise financeira de 2008/2009, quando houve contração do crédito bancário mundial, as instituições financeiras aumentaram os empréstimos durante a pandemia no ano de 2020, inclusive para governos estrangeiros e empresas de outros países.

Para o Brasil, no entanto, a disponibilidade de recursos externos foi reduzida no ano passado, revertendo os resultados positivos de 2018 e 2019.

O país registrou redução de US$ 22 bilhões em créditos bancários externos em 2020, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (27) pelo BIS (Banco de Compensações Internacionais).

Desde o final de 2015, os créditos externos ao país encolheram US$ 38 bilhões, para cerca de US$ 240 bilhões no final do ano passado.

Sede do BIS (Banco de Compensações Internacionais) em Basel, Suíça
Sede do BIS (Banco de Compensações Internacionais) em Basel, Suíça - REUTERS

Somente no segundo trimestre do ano passado, foi registrada saída de US$ 29,9 bilhões, maior valor entre as grandes economias emergentes. No terceiro e quarto trimestres, as saídas foram menores e somaram US$ 6,1 bilhões.

O crédito bancário internacional cresceu US$ 431 bilhões no quarto trimestre de 2020, concentrado em economias como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. No Brasil, encolheu US$ 1,1 bilhão no período. O estoque mundial chegou a US$ 35,6 trilhões no final do ano.

Nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, o fluxo do último trimestre de 2020 foi positivo em US$ 34 bilhões, após dois trimestres de declínio. O resultado foi puxado por países da Ásia e Pacífico, seguidos por África e Oriente Médio. Na América Latina e Caribe, os fluxos continuaram em queda.

No final de 2020, o crédito denominado em dólares para o setor não financeiro fora dos Estados Unidos havia crescido 5% em um ano, atingindo US$ 12,7 trilhões.

As taxas de crescimento positivas durante a pandemia contrastam fortemente com as contrações observadas durante a Grande Crise Financeira de 2008/2009, segundo a instituição, embora o fluxo a não residentes tenha sido menor do que para residentes.

O aumento de empréstimos para residentes em 2020, segundo o BIS, foi puxado pelo endividamento dos governos, refletindo o impacto da pandemia sobre finanças estatais e esforços para mitigar seus efeitos econômicos.

O crédito em dólares para o governo dos EUA, por exemplo, cresceu 21% no comparativo anual no quarto trimestre de 2020, enquanto o crédito em euros a governos da área do euro aumentou 15%.

Para mercados emergentes e economias em desenvolvimento, atingiu US$ 4 trilhões no final de 2020, mais do que o dobro do valor na Grande Crise Financeira de 2008/2009 e cerca de um terço da dívida global em dólares de todos os tomadores de empréstimos não bancários fora dos Estados Unidos.

“Embora o crescimento dos empréstimos tenha desacelerado no decorrer de 2020 —um período caracterizado por uma recessão ainda mais profunda do que em 2009— permaneceu bem acima
que visto durante a GCF [Grande Crise Financeira]”, diz o relatório do BIS.

“A GCF foi principalmente uma crise financeira centrada nos bancos, que reduziu seus empréstimos. Por outro lado, os bancos puderam dar mais apoio em 2020, quando a pandemia atingiu a economia real, após as reformas regulatórias pós-GFC terem fortaleceu sua condição financeira.”

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