Descrição de chapéu Financial Times

França vai injetar até 4 bilhões de euros na Air France-KLM

Participação do governo na companhia aérea poderá subir para 29,9%

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David Keohane
Paris | Financial Times

A França vai contribuir com até € 4 bilhões para reforçar o balanço da Air France-KLM, potencialmente duplicando sua participação societária na companhia aérea, enquanto tenta conduzi-la pelo pior momento da pandemia de Covid-19.

O Estado francês já possui 14,3% das ações da empresa e transformará € 3 bilhões em empréstimos que deu à Air France no ano passado em dívida híbrida perpétua. Também participará de um planejado aumento de capital em até € 1 bilhão.

Air France - Regis Duvignau - 05.abr.2021

Ao todo, a participação do governo poderá aumentar para 29,9%, tornando-o o maior acionista individual, disse o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, à rádio France Inter na terça-feira (6).

Benjamin Smith, o executivo-chefe da companhia aérea, disse: "Isso nos dá estabilidade... apesar de toda a incerteza que temos em nossa indústria hoje".

"Nós montamos um plano muito amplo, em médio a longo prazo, que, com a evolução dos acordos da união que temos, acreditamos ter a plataforma para realmente tornar a Air France rentável", acrescentou ele.

Essa rodada de ajuda estatal beneficiará apenas o ramo francês da companhia, disse a União Europeia.

O Estado holandês, que também é um acionista com 14%, não participará do novo aumento de capital da empresa, disse a Air France-KLM em um comunicado, mas "está em discussões com a Comissão Europeia sobre potenciais medidas de reforço de capital para a KLM".

As tensões entre a França e os Países Baixos chegaram ao pico em 2019, quando o governo holandês aumentou sua participação para aproximadamente se equiparar à do Estado francês, para proteger seus interesses nacionais.

Como a AF-KLM ainda deverá ter patrimônio líquido de acionistas negativo após essas transações, a companhia disse que novas transações poderão ser realizadas antes da assembleia geral anual de 2022", disseram analistas do Morgan Stanley.

Após meses de negociações entre a França e a UE para ter a ajuda do Estado aprovada, a Air France-KLM teve de desistir de 18 de seus mais de 300 slots de pousos e decolagens em Paris-Orly. São menos que os 24 originalmente desejados pela comissão.

Le Maire disse que haveria restrições sobre certas companhias de baixo custo usarem os slots, para garantir que as companhias que operam nesse aeroporto cumpram as regras trabalhistas francesas.

A Comissão disse na terça que a França está comprometida a elaborar uma estratégia de crédito factível dentro de 12 meses depois que a ajuda for concedida, a menos que a ajuda fique abaixo de 25% do capital até então.

Ela acrescentou que até que a recapitalização seja amortizada a Air France estará impedida de pagar dividendos e fazer recompras de ações. Também há limites a pagamentos e bônus.

Juntamente com o restante do setor, a Air France-KLM, que foi formada pela fusão da Air France com a holandesa KLM em 2004, foi abalada pelo impacto da Covid-19 sobre o turismo e as viagens de negócios.

Smith havia levado o crédito por começar a reverter a Air France antes da crise atual. Mas com a pandemia cortando a demanda por viagens aéreas o grupo registrou um prejuízo líquido de € 7,1 bilhões em 2020. Na terça, o grupo disse que esperava uma perda de 1,3 bilhão no primeiro trimestre.

A "burn rate" na Air France está ao redor de € 10 milhões por dia, segundo Smith, com o bom impulso no mercado americano potencialmente cobrindo futura queima devido a restrições da UE.

Smith espera que a queima de caixa chegue a zero em 2023, mas disse que com "quase € 9 bilhões em caixa... para a liquidez em curto a médio prazo não é um problema".

Além do empréstimo de € 3 bilhões diretamente da França, a Air France-KLM tinha recebido 7,4 bilhões em empréstimos dos governos francês e holandês para ajudá-la a atravessar a pandemia. O empréstimo apoiado pelo Estado francês, que tem metas de custos e ambientais, foi prorrogado para 2023, com o empréstimo holandês vencendo em 2025.

"Eu gostaria de acreditar que a França e o resto da Europa provavelmente estão três a quatro meses atrás dos EUA. Assim, esse raio de luz nos dá algum otimismo cauteloso", disse Smith.

"Então como vamos nos mover nos próximos meses, quando há uma diferença na velocidade e em receber a vacina? Bem, como fizemos no último ano, vamos cuidar disso", disse ele.

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