Bill Gates, o cofundador da Microsoft, e sua mulher, Melinda, anunciaram que vão terminar seu casamento de 27 anos, pondo em dúvida uma parceria que reformulou a filantropia moderna e apoiou uma das principais respostas privadas à pandemia de Covid-19.
O casal revelou a decisão em uma nota curta em suas contas em redes sociais na segunda-feira (3), na qual disseram que o destino de seu casamento não afetará o trabalho da fundação, a maior organização beneficente privada do mundo.
O casal aplicou grande parte de sua fortuna, estimada em US$ 124 bilhões (R$ 674,5 bilhões), na Fundação Bill e Melinda Gates, que busca melhorar o atendimento de saúde e reduzir a pobreza no mundo. Trabalhando com Warren Buffett, eles também promoveram a organização Giving Pledge como uma maneira de empresários ricos doarem uma boa parte de sua fortuna enquanto vivos.
"Depois de pensar muito e trabalhar muito em nosso relacionamento, tomamos a decisão de terminar nosso casamento", disse o casal Gates em um comunicado na segunda. "Continuaremos nosso trabalho conjunto na fundação, mas não acreditamos mais que poderemos crescer como casal na próxima fase de nossas vidas".
A revista Forbes avalia a fortuna do casal em US$ 124 bilhões e lista Bill Gates como a quarta pessoa mais rica do mundo, depois de Jeff Bezos, da Amazon, Elon Musk, da Tesla, e Bernard Arnault, fundador do conglomerado Louis Vuitton.
A separação ocorre dois anos após o divórcio de Bezos e MacKenzie Scott, que levantou perguntas sobre como ficaria a importante participação com direito a voto do fundador da companhia tecnológica.
A separação dos Gates, em comparação, provavelmente terá pequeno impacto na Microsoft, já que Bill Gates, 65, deixou o conselho diretor da companhia há um ano e tem uma participação de aproximadamente 1%.
Nas últimas duas décadas, o casal conduziu a maior organização beneficente privada do mundo, que distribuiu US$ 55 bilhões (R$ 299 bilhões) desde seu lançamento em 2000. Seu fundo, que inclui doações anuais de Warren Buffett, tem US$ 49,8 bilhões.
A Fundação Gates, sediada em Seattle (estado de Washington), se estabeleceu como uma das entidades filantrópicas mais influentes do mundo, concentrando-se no combate à pobreza, doenças e desigualdade, abrangendo da África subsaariana a centros urbanos decadentes nos Estados Unidos.
Melinda, 56, é conhecida como a mulher mais poderosa na filantropia, enfocando seu trabalho nos direitos das mulheres e meninas, do planejamento familiar à saúde materna. Ela também fundou em 2015 uma empresa de investimentos chamada Pivotal Ventures, para apoiar grupos que prometem promover avanços sociais
Seu trabalho em saúde e desenvolvimento também fez deles figuras influentes no financiamento do desenvolvimento de vacinas e no debate sobre o combate à mudança climática. Bill publicou recentemente um livro intitulado "How to Avoid a Climate Disaster" (Como evitar um desastre climático).
O casal se conheceu em 1987, logo depois que Melinda entrou para a Microsoft. Em um documentário da Netflix de 2019, Melinda lembrou que Bill escreveu uma lista de prós e contras do casamento em um quadro-branco antes de pedir sua mão.
Ela é geralmente vista como tendo exercido um papel influente para fazê-lo mudar sua atenção para a filantropia em tempo integral, em um momento em que sua tática de negócios agressiva tinha posto a companhia em rota de colisão com o Departamento de Justiça dos EUA. Ele passou a ocupar um papel mais discreto na direção da Microsoft, antes de aos poucos cortar os laços completamente e dirigir toda a sua atenção para a filantropia.
Dependendo dos termos do acordo de divórcio, Melinda Gates poderá rivalizar imediatamente com Scott, cuja fortuna é calculada pela Forbes em US$ 60 bilhões (R$ 326 bilhões), em influência no mundo da filantropia.
Scott —que adotou seu nome do meio como novo sobrenome— tornou-se a terceira mulher mais rica do mundo depois de se divorciar de Bezos, e rapidamente assinou o Giving Pledge, um compromisso de doar a maior parte de sua riqueza. Depois disso ela se casou de novo.
Como parte do acordo, que é considerado o maior do gênero, Bezos pôde manter seus direitos de voto na Amazon. Sua parte de 12% após o acordo valia cerca de US$ 107 bilhões (R$ 582 bilhões).
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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