Descrição de chapéu Financial Times

Por chips, indústria dos EUA pressiona por libertação de chefe da Samsung preso

Câmara Americana de Comércio argumenta que presidente do conselho da empresa pode ajudar Joe Biden

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Edward White
Seul | Financial Times

Companhias americanas instaram o presidente Moon Jae-in a libertar Lee Jae-yong, presidente do conselho da Samsung, argumentando que o executivo bilionário poderia ajudar nos esforços do presidente Joe Biden para eliminar a dependência americana dos chips produzidos em outros países.

A Samsung está estudando investimentos multibilionários em instalações de produção de semicondutores nos Estados Unidos. O grupo sediado em Seul está considerando locais em Austin, onde já tem uma fábrica de chips, e também em Phoenix e Nova York.

Diante da desordem econômica causada pela pandemia do coronavírus, o governo e as empresas dos Estados Unidos estão tentando desesperadamente recriar cadeias locais de suprimentos para tecnologias cruciais, incluindo os semicondutores.

Entre as primeiras iniciativas de sua presidência, Biden revelou um plano de US$ 50 bilhões (R$ 264 bilhões) com o objetivo de estimular a indústria de semicondutores nos Estados Unidos. Mas o foco em recriar a autossuficiência americana quanto aos chips se intensificou depois que a escassez mundial dos chips usados na fabricação de automóveis se estendeu também a outros setores.

O herdeiro da Samsung, Lee Jae-yong - Ed Jones - 18.ja.21/AFP

A Câmara Americana do Comércio na Coreia do Sul, no entanto, advertiu Seul de que o status da Coreia do Sul como parceira estratégica dos Estados Unidos estaria em risco se a Samsung, maior fabricante mundial de chips, não se engajasse plenamente no apoio aos esforços de Biden, de acordo com uma carta vista pelo Financial Times.

“Acreditamos que um perdão ao executivo mais importante da Samsung sirva aos melhores interesses econômicos tanto dos Estados Unidos quando da Coreia”, disse James Kim, o presidente-executivo da organização, ao Financial Times.

Os apelos coincidiram com uma visita de Moon a Washington para uma conferência de cúpula com Biden. Os dois devem se encontrar nesta sexta-feira (21).

Lee está servindo uma sentença de prisão de 18 meses por subornar a ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye, como parte do que a promotoria pública e críticos da empresa dizem ser um esquema criado para garantir o controle dele sobre o grupo Samsung, a maior companhia da Coreia do Sul. O homem mais rico da Coreia do Sul enfrenta outras acusações supostamente ligadas à sua sucessão.

Lee continua a controlar a Samsung, de sua cela em um presídio no subúrbio ao sul de Seul, mas a natureza estritamente hierárquica da empresa, que opera sob controle familiar, significa que parte de sua capacidade de negociação fica prejudicada, disseram críticos.

Perdões presidenciais a líderes políticos e a executivos condenados por crimes são ocorrências comuns na política da Coreia do Sul.

Por décadas, os líderes de muitas das famílias que controlam os “chaebol”, as grandes empresas familiares do país, evitaram ser aprisionados ou tiveram sentenças reduzidas por perdões. Em 2015, Chey Tae-won, que comanda o SK Group, a terceira maior companhia sul-coreana, foi perdoado por Park.

Mas a questão dos perdões causa divisões profundas na Coreia do Sul. Antes de se tornar presidente, Moon prometeu que deixaria essa prática de lado.

Para agravar o problema do presidente há o fato de que seus dois predecessores imediatos, Park e Lee Myung-bak, também estão presos por suborno e corrupção. Os partidários deles também buscam perdões para ambos.

A Câmara Americana de Comércio na Coreia, composta por cerca de 800 empresas, é “não política” mas aderiu a muitas organizações empresariais e industriais da Coreia do Sul nos apelos por uma libertação antecipada de Lee, disse Kim, o presidente-executivo da organização.

Além da cooperação econômica, Moon e Biden devem discutir as armas nucleares da Coreia do Norte, sanções, vacinas contra o coronavírus e respostas regionais à ameaça que a China representa.

Traduzido originalmente do inglês porPaulo Migliacci

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