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Veja no que investir com a queda da Selic

BC reduziu a taxa básica de juros nesta quarta (8)

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São Paulo

Com o corte de 0,25 ponto percentual Selic desta quarta-feira (8), os investimentos de renda fixa pós-fixados atrelados ao CDI irão, naturalmente, render menos. Por outro lado, os ativos indexados à inflação e com juros prefixados ficam mais atrativos, apontam especialistas.

Mulher conta cédulas de real.
Segundo analistas, investidor deve se preparar para mais quedas da Selic - Gabriel Cabral/Folhapress

"Continuamos com o juro atrativo. A renda fixa se mantém protagonista", diz Eduardo Villela, gerente executivo de Captação e Investimentos do Banco do Brasil.

Apesar de a tendência no curto prazo ser de queda de juros, as reduções devem ser menores do que o anteriormente esperado, o que leva o mercado a precificar juros futuros mais altos. Segundo a cotação desses contratos futuros, a Selic deve permanecer no patamar de 10,25% no próximo ano. Já a pesquisa Focus aponta um juro de 9% em 2025.

Assim, os juros prefixados ofertados pelos títulos de renda fixa subiram nas últimas semanas. O título do Tesouro Direto atrelado à inflação (NTN-B) com vencimento em 2029 oferece um retorno de IPCA + 6,13% para quem o contrata hoje. Há um mês, este juro prefixado era de 5,77%. Já o tesouro prefixado para 2027 paga 10,83% atualmente, ante 10,39% há 30 dias.

"A regra do bolso é: se há NTN-B acima de 6%, você compra, pois há uma chance de mais de 80% de dela bater o CDI no longo prazo. Tudo ligado a IPCA com prazo de um a três anos é muito bem-vindo, Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora.

O Banco do Brasil também aumentou a exposição recomendada à essa classe de ativos, reduzindo em igual percentual os pós-fixados. "A abertura da curva se refletiu nas taxas desses títulos que estão pagando uma melhor remuneração. Então, é bom garantir uma participação maior deles na sua carteira nesse momento, para capturar ganhos futuros", diz Villela.

Há ainda quem veja uma chance de aumento na Selic no curto prazo. Dessa forma, o pós-fixado não pode ser abandonado. "Prefixado não é indicado para cenário de alta de juros. Se acontece alguma coisa na macroeconomia e juros disparam, a pessoa fica ganhando menos. Agora, como não temos certeza do que vai acontecer. Nesse caso, o IPCA é melhor", diz Alexandre Dellamura, diretor da Melver.

Segundo economistas, no último mês, o cenário macroeconômico teve mudanças drásticas. A mais impactante delas foi a inesperada aceleração da inflação americana, que levou investidores a esperarem juros americanos a níveis altos por mais tempo. "Isso muda todo o panorama para qualquer [país] emergente", diz Gardimam.

Juros mais altos na maior economia do mundo atraem boa parte do capital disponível para investimentos. O título do Tesouro americano (treasury) de dez anos, o ativo mais líquido do mercado, remunera 4,47% ao ano, maior patamar desde antes da crise financeira de 2008.

"As treasuries estão estressadas, com um nível de carrego bem interessante para os investidores", diz Marcel Andrade, diretor da SulAmérica Investimentos. É possível investir indiretamente nesses produtos via ETFs (fundos de índice) negociados na B3.

Além da inflação dos Estados Unidos alta, a 3,5%, o aumento do risco fiscal no país, que deve mais do que produz, também contribui para as taxas elevadas.

"Talvez exista um excesso de pessimismo com a trajetória fiscal do país e também com o próprio cenário americano e os juros altos lá deixam os investidores não muito propensos a tomar risco aqui", diz Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos.

Já no Brasil, um dos principais temas que impactaram o mercado foi a alteração da meta fiscal para os próximos dois anos, o que pressionou as curvas de juros.

Além disso, economistas temem que a tragédia no Rio Grande do Sul gere aumento no preço de alimentos, o que reforça a importância de ter ativos atrelados ao IPCA na certeira, dizem especialistas. "O BC já precisava ser mais conservador por conta do risco externo e, agora, ainda há a incerteza fiscal e quanto à inflação causada pelo RS", diz Gardimam.

Porém, de acordo com simulações de Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, de acordo com os juros futuros, apesar do aumento na rentabilidade dos ativos ligados ao IPCA, os instrumentos de renda fixa isentos de Imposto de Renda, como letras de crédito e debêntures incentivadas acabam tendo uma rentabilidade líquida maior. Descontando o IR e a inflação projetada, um LCI com rentabilidade de 95% do CDI rende 5,83% em um ano. Já um CDB a IPCA + 6,20% tem uma rentabilidade real líquida estimada em 4,51% para o mesmo período.

Segundo planejadores financeiros, porém, o segredo para uma carteira rentável é a diversificação tendo tanto ativos pós-fixados atrelados ao CDI como os prefixados que acompanha o IPCA.

Segundo o Itaú, por enquanto, a conjuntura doméstica continua "relativamente favorável, com crescimento sólido e desinflação", e recomenda a alocação em renda fixa com juro acima da inflação, mas sem ativos prefixados, e em Bolsa.

O Santander trabalha com um cenário semelhante, mas com uma carteira mais cautelosa dada as recentes mudanças. "Nos próximos meses, o mercado de ações ainda deve dar uma patinada, mas para quem tem um prazo de investimento maior, o nível de entrada da Bolsa de Valores está atrativo", diz Arley Junior, estrategista do banco.

QUANTO RENDE A POUPANÇA?

Diferentemente de outros produtos de renda fixa, a poupança tem a sua rentabilidade alterada, apenas caso a Selic esteja abaixo de 8,5%.

No momento, por lei, ela continua rendendo 6,17% + TR (Taxa Referencial) ao ano, o que deve totalizar 7,4% nos próximos 12 meses, projeta Haddad, com uma TR de 1,23%.

Considerando a inflação, ele estima um ganho líquido real de 3,67% no mesmo período —o investimento é isento de IR. Dessa forma, o dinheiro da poupança não deve se desvalorizar, mas há outros produtos de renda fixa mais rentáveis e com liquidez semelhante, como o Tesouro Selic, que rede Selic + 0,15% ao ano.

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