Descrição de chapéu América Latina

Chile inaugura Cerro Dominador, a primeira central de energia termossolar da América Latina

Central de 700 hectares com 10,6 mil helióstatos e uma torre de 250 metros de altura fica no deserto do Atacama

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Santiago | AFP

O Chile inaugurou na terça-feira (8) a primeira central de energia termossolar da América Latina, Cerro Dominador, em pleno deserto do Atacama, o mais árido e com maior radiação solar do planeta. O projeto tem o objetivo de conseguir a neutralidade de emissões de carbono prometida para 2050.

Em uma área circular de mais de 700 hectares, 10,6 mil helióstatos (espelhos) rodeiam uma torre de 250 metros de altura em cuja ponta se refletem os raios do sol. Lá está instalado um receptor contendo sais fundidos, que se aquecem a mais de 560 graus Celsius para gerar vapor de água, que aciona uma turbina com potência de 110 megawatts de eletricidade limpa.

Essa infraestrutura se combina a uma central fotovoltaica adjacente e juntas elas geram 210 megawatts de energia renovável.

Cerro Dominador, primeira central de energia termossolar da América Latina - Cerro Dominador/AFP

Uma das características mais distintivas desse projeto solar térmico é que os sais fundidos são capazes de armazenar energia por até 17,5 horas, o que permite que um sistema continue operando mesmo sem luz solar direta.

“Isso vai permitir economizar mais de 600 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono por ano. É o equivalente às emissões anuais de 300 mil automóveis”, disse o presidente do Chile, o conservador Sebastían Piñera, durante a inauguração do projeto, cuja construção começou em 2014.

A central termossolar, construída pelas companhias espanholas Abengoa e Acciona, fica no município de María Elena, 200 quilômetros a leste de Antofagasta, na costa chilena. A área fica cerca de três mil metros acima do nível do mar, no norte do país.

Piñera afirmou que esse é um novo passo no compromisso do Chile de renovar sua matriz energética para 2050 e obter até aquela data a neutralidade nas emissões de dióxido de carbono decidida no Acordo de Paris sobre o Clima.

Para cumprir o compromisso, acrescentou o presidente, o Chile centrará seus esforços em descarbonizar sua matriz energética, substituindo os derivados de carbono por energias limpas; eletrificar o transporte público; melhorar a eficiência energética; e proteger e ampliar a área florestal do país.

“Em 2021, vamos inaugurar mais projetos de energia limpa no Chile do que em toda a história anterior de nosso país, porque esse é um desafio urgente”, disse Piñera.

O presidente chileno destacou em sua apresentação que a central de Cerro Dominador é um dos projetos com que o país busca se converter em referencial mundial na geração de energia limpa.

“O Chile era um país pobre nas energias do passado; tínhamos pouco petróleo, pouco carvão, pouco gás natural, mas somos imensamente ricos nas energias do futuro. Temos os desertos com a maior radiação do mundo (...), os melhores ventos do mundo, a energia geotérmica que provém dos vulcões, a energia das marés que provém do mar”, destacou Piñera.

Presidente do Chile, Sebastian Pinera, na inauguração da central de energia termossolar - Ivan Alvarado/Reuters

Entre as iniciativas mais importantes está a aposta do governo em ser um referencial mundial na geração de hidrogênio ecológico, que é visto em nível mundial como combustível que substituirá os atuais combustíveis fósseis, poluentes.

A ideia é aproveitar todas as fontes de energia renovável do Chile para produzir hidrogênio, através de um processo de eletrólise, que já existe, mas torná-lo “verde” ao substituir os combustíveis fósseis usados no processo por combustíveis limpos gerados a partir de energias renováveis.

Na semana passada, durante o fórum climático CEM12/MI6, do qual o Chile foi anfitrião virtual, o país assumiu o compromisso, junto com o Reino Unido, União Europeia e Austrália, de promover a transição rumo ao uso de hidrogênio ecológico como combustível.

“O Chile é um país que tem uma responsabilidade muito especial. O Chile tem o firme compromisso de contribuir para que a humanidade supere a crise da mudança climática, e projetos como o de Cerro Dominador são uma contribuição na direção correta”, indicou Piñera.

Tradução de Paulo Migliacci

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