Ações do setor de energia caem com impacto de relatório do ONS

Operador Nacional do Sistema Elétrico prevê esgotamento de recursos energéticos em novembro

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São Paulo

As ações do setor de energia sentiram o impacto nesta sexta (23) da nota técnica publicada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) prevendo um esgotamento de praticamente todos os recursos energéticos em novembro.

​Entre os papéis que compõem o Ibovespa, principal índice acionário do país, a maior queda ficou observada foi das ações da Equatorial, que caíram 2,40% no pregão desta sexta, seguida pelas ações da Eneva e da Energia, com recuos de 1,92% cada, e da CPFL, que registrou queda de 1,54%.

O relatório do ONS, divulgado na noite de quinta (22), acendeu um novo alerta sobre os desafios do setor elétrico brasileiro neste ano frente ao cenário de grave crise hídrica nos reservatórios de hidrelétricas. O sinal vermelho foi ligado após o órgão elevar a previsão de carga e considerar uma menor e mais "realista" disponibilidade térmica para atender a demanda de energia.

“Um pouco desse receio já tinha atingido o mercado anteriormente, mas agora voltou com esse relatório do ONS. O setor de energia se prejudica muito com essa questão, mas também acaba se prejudicando diante do cenário de aceleração dos juros”, afirmou o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter.

Ações do setor de energia caem nesta sexta-feira (23), refletindo piora do cenário com crise hídrica
Ações do setor de energia caem nesta sexta-feira (23), refletindo piora do cenário com crise hídrica - Lucas Lacaz Ruiz - 23.set.2019/Folhapress

Apesar das companhias de energia serem boas pagadoras de dividendos, os investidores acabam migrando para ativos de renda fixa diante do aumento da Selic (taxa básica de juros).

O movimento foi em linha com o Ibovespa. Nesta sexta, a Bolsa de Valores brasileira encerrou em queda de 0,86%, aos 125.052 pontos, queda puxada também pelas ações da Vale e da Petrobras e na contramão dos mercados internacionais.

As ações da Vale encerraram a sessão em baixa de 0,74%, a R$ 113,84, diante do novo declínio dos preços de minério de ferro. Já os papéis da Petrobras foram afetados pelos preços do petróleo e pelo resultado da produção divulgado pela companhia na véspera, com queda de 0,8% no segundo trimestre em relação a igual período de 2020, para 2,226 milhões de barris por dia.

Segundo a economista da Toro Investimentos, Thayná Vieira, no cenário doméstico, os investidores também acompanharam a divulgação do IPCA-15 (prévia da inflação).

Em julho, o indicador ficou em 0,72%, desacelerando em 0,11 ponto percentual frente aos 0,83% obtidos em junho. Foi a maior variação já registrada pelo índice para um mês de julho desde 2004 (0,93%). Em 12 meses, o Índice acumula alta de 8,59%.

“Os números vieram acima da expectativa do mercado, que aguardavam alta de 0,64% e 8,50%, respectivamente. No período, o IPCA-15 foi pressionado pelo aumento das contas de energia elétrica, em meio a crise hídrica vivenciada no Brasil. Além disso, por aqui, os investidores também acompanham as mudanças ministeriais anunciadas no cenário político”, afirmou Vieira.

No exterior, o dia foi positivo para os índices americanos, que bateram um recorde triplo. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram 0,68%, 1,01% e 1,04%, respectivamente.

O dólar, por sua vez, encerrou perto da estabilidade, registrando um leve recuo de 0,01%, a R$ 5,21.

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