Hamilton e Federer investem em startup de comida vegana

Empresa chilena levantou US$ 235 milhões para crescer no Brasil e nos EUA

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A startup chilena NotCo, que desenvolve hambúrgueres, leite, sorvete e maionese a partir de plantas, anuncia nesta segunda (26) uma captação de US$ 235 milhões para crescer no mercado brasileiro e norte-americano.

Com o investimento, o valor de mercado da companhia chega a US$ 1,5 bilhão, colocando ela na categoria de "unicórnio" (startup que supera o US$ 1 bilhão).

O investimento foi liderado pelo fundo americano Tiger Global, junto do DFJ Growth Fund e the Social Impact Foundation. Também contou com nomes conhecidos, como o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, o tenista Roger Federer e Jack Dorsey, fundador do Twitter.

Em rodadas anteriores, a companhia já havia recebido recursos do fundador da Amazon, Jeff Bezos, e da gestora de Danny Meyer, fundador da rede de alimentação Shake Shack.

Matias Muchnick, sócio da NotCo, diz que a empresa, hoje em cinco países, deve usar os recursos para chegar ao México, Colômbia e Canadá. A seguir, deve mirar a Europa e a Ásia.

Matias Muchnick, sócio da startup NotCo, de alimentos feitos a partir de plantas - Divulgação

Outras metas da startup são tornar o Brasil o maior mercado para ela na América Latina e aumentar a participação nos Estados Unidos. O objetivo é que o mercado norte-americano seja responsável por 50% do faturamento da startup ainda em 2022.

Muchnick também diz que haverá mais investimento em pesquisa e desenvolvimento, área na qual a companhia conta com cem profissionais.

Segundo o empresário, a indústria de alimentos se caracterizava pela baixa inovação. A startup busca mudar isso adotando inteligência artificial para definir suas receitas.

O sistema patenteado pela startup, que ganhou o nome de Giuseppe, analisa dados moleculares e propriedades físicas dos alimentos, somados a percepções de quem experimenta os resultados.

O objetivo é criar novas receitas a partir de uma base de dados de plantas que podem ser combinadas para criar comida com sabor semelhante ao dos alimentos de origem animal. A plataforma da empresa se desenvolve conforme especialistas testam o resultado das receitas e incluem suas percepções sobre o resultado no sistema.

A conclusão dessa pesquisa é um leite integral que inclui em sua fórmula itens como suco de abacaxi concentrado, óleo de girassol e fibra de chicória. Para o hambúrguer da companhia, a lista inclui proteína de ervilha, óleo de coco, fibra de bambu, cacau em pó e proteína de arroz.

"O valor do que fazemos não está diretamente na inteligência artificial, está na interação dela com os humanos. O produto não sai direto do Giuseppe para o supermercado", afirma o empresário.

Muchnick diz que já há buscas de outras empresas interessadas em usar sua inteligência artificial em novas receitas. A empresa avalia como licenciar a ferramenta.

Segundo Muchnick, o principal desafio para popularizar a alimentação vegetariana no Brasil é o protecionismo do país em relação aos produtos de origem animal. "Enfrentamos tantos impostos que não se pode competir em preços".

O empresário afirma que a estratégia da companhia para lidar com o cenário é, no curto prazo, sacrificar margens para reduzir os preços, enquanto se busca ampliar a escala de produção para diminuir o custo por unidade.

Muchnick diz acreditar que, em dez anos, a alimentação baseada em plantas pode representar 10% do mercado. Segundo ele, esse crescimento será importante para impedir a escassez de recursos hídricos e o desmatamento de florestas.

Ele afirma que a companhia também está atenta ao esgotamento dos recursos dos oceanos e irá lançar produtos relacionados ao tema. Estão nos planos da empresa lançar substitutos para carnes brancas, diz Muchnick.

A NotCo possui parcerias para vender seus produtos com as redes de fast food Burger king e Papa John's. Muchnick diz que esse canal é importante para a empresa, por trazer visibilidade aos produtos.

O próximo objetivo é chegar a escolas e universidades. Segundo o empresário, há uma maior consciência ambiental e interesse pela alimentação vegetariana.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.