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Bolsa cai 2,1% pressionada por inflação e expectativa de alta dos juros

Dólar sobe 0,34% com mercado renovando temor sobre risco fiscal

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São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira fechou em queda de 2,11%, a 106.419 pontos, nesta terça-feira (26), dia em que o viés de baixa do mercado doméstico foi reforçado pela pressão inflacionária e a expectativa sobre a consequente elevação mais rápida da taxa básica de juros do país.

O dólar subiu 0,34%, a R$ 5,5730, ainda refletindo as incertezas do mercado quanto ao cenário fiscal para 2022, situação agravada na semana passada com a decisão do governo de driblar o teto de gastos no ano eleitoral.

Painel da Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo (SP) - Yasuyoshi Chiba -3.out.2011/AFP

"A queda de hoje está relacionada ao forte movimento de alta da curva de juros, que reflete o aumento da expectativa do mercado pelo avanço da Selic em resposta a mais um dado de inflação acima do esperado", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

O analista ainda afirma que desde junho a Bolsa vem perdendo investidores para a renda fixa devido à expectativa de alta da inflação e dos juros, mas esse movimento ganhou ainda mais força agora com o agravamento do risco fiscal.

A prévia da inflação oficial avançou 1,20% em outubro, a maior para o mês desde 1995 (1,34%), segundo o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), divulgado nesta terça pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado ficou acima das projeções do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam variação de 1% em outubro.

Com o resultado, o índice atingiu 10,34% no acumulado de 12 meses. No acumulado até setembro, o IPCA-15 já estava em 10,05%.

Com mais inflação, aumentam as expectativas de alta da Selic nesta quarta-feira (27) para além do 1 ponto percentual que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) vem praticando nas últimas reuniões.

Há analistas que já falam em alta de 2 pontos percentuais, para 8,25%. Hoje a Selic está em 6,25%. Segundo a Bloomberg, a previsão segundo mediana com analistas do mercado está em 7,75%, alta de 1,5 ponto percentual.

Os contratos de juros futuros também voltaram a acelerar nesta terça, à espera da decisão do Copom sobre a Selic.

A taxa DI (Depósitos Interfinanceiros) para janeiro de 2023, que na abertura do mercado estava em 11,13% ao ano, avançou 0,58 ponto percentual durante o dia e fechou em 11,71%.

A alta é semelhante aos picos registrados na semana passada –entre 0,5 e 0,6 p.p.–, quando a decisão do governo de driblar o teto de gastos ampliou a percepção de investidores sobre o risco do país.

Negociado exclusivamente entre instituições financeiras, o depósito interfinanceiro é um título privado de renda fixa que auxilia no fechamento de caixa dos bancos. As negociações entre os bancos geram a taxa DI, referência para a maior parte dos títulos de renda fixa oferecidos ao investidor.

Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq se valorizaram em 0,04%, 0,18% e 0,06%, respectivamente.

O Dow Jones e o S&P 500 atingiram novos recordes, mas os ganhos foram contidos pela queda das ações do Facebook após a divulgação do balanço trimestral da empresa, que recuou 3,92%.

O petróleo Brent, referência mundial, subiu 0,41%, a US$ 86,34 (R$ 481,72). Os preços da comodity atingiram a máxima desde 2014 nesta terça, devido à escassez de oferta global e à forte demanda nos Estados Unidos, o maior consumidor mundial.

"A crise energética ainda não está perto de diminuir, então esperamos força predominante nos preços do petróleo em novembro e dezembro, já que a oferta está atrasada", disse Louise Dickson, analista sênior de mercados de petróleo da Rystad Energy.

A Opep+, formada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, como a Rússia, está atualmente aumentando a produção em 400 mil barris por dia a cada mês, mas tem resistido ao pedidos para aumentar a produção mais rapidamente em resposta à elevação dos preços.

A alta do petróleo desta terça não evitou que a ações preferenciais da Petrobras (PETR4) caíssem 0,96%, devolvendo parte dos ganhos da véspera, quando os papéis avançaram quase 7% em meio a declarações do governo sobre eventuais estudos para a privatização da estatal.

A empresa cobrou do Ministério da Economia explicações sobre existência dos estudos, ainda sem confirmação. Analistas consideram a privatização improvável.

Entre os destaques do pregão, a B3 recuou 5,74%, com o setor financeiro pressionando o Ibovespa. Entre os grandes bancos, o Itaú Unibanco perdeu 1,08% e o Bradesco cedeu 2,26%.

A as ações ordinárias da Vale caíram 1,06%, apesar da alta do minério de ferro na China. A Gerdau subiu 0,32%, antes do balanço do terceiro trimestre queserá divulgado nesta quarta-feira.

Com Reuters

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