Descrição de chapéu petrobras inflação

Bolsonaro diz que Petrobras só dá dor de cabeça e só presta serviço a acionistas

Presidente volta a falar em privatização e sugere não ter como interferir em política de preços

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Num cenário de alta do preço dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quarta-feira (27) que a Petrobras só dá "dor de cabeça " e disse que a estatal está "prestando serviço para acionistas e ninguém mais".

As declarações ocorreram durante entrevista à emissora Jovem Pan News.

"É uma estatal que com todo respeito só me dar dor de cabeça. Nós vamos partir para uma maneira de quebrarmos mais monopólio, quem sabe até botar no radar da privatização", disse Bolsonaro, que sugeriu não ter como interferir na política de preços da empresa.

"É uma empresa que hoje em dia está prestando serviço para acionistas e ninguém mais. A chance de vocês perderem algo na Petrobras é zero. Só o governo federal está pegando R$ 11 bilhões, uma quantia equivalente a essa está indo a acionistas".

Presidente Jair Bolsonaro - Adriano Machado - 26.out.2021/Reuters

Não é a primeira vez nos últimos dias que Bolsonaro retoma a pauta de uma possível privatização da Petrobras.

Durante entrevista a uma rádio em 25 de outubro, ele afirmou que a eventual privatização da petroleira seria uma "complicação enorme".

"Quando se fala em privatizar a Petrobras, isso entrou no nosso radar. Mas privatizar qualquer empresa não é como alguns pensam, pegar a empresa, colocar na prateleira e amanhã quem dá mais leva embora. É uma complicação enorme, ainda mais quando se fala em combustível", disse na ocasião.

"Se você tirar do monopólio do Estado e botar no monopólio de uma pessoa apenas, particular, fica a mesma coisa —ou talvez até pior".

Cerca de 10 dias antes, ele declarou ter "vontade" de privatizar a empresa.

"Já tenho vontade de privatizar a Petrobras, tenho vontade. Vou ver com a equipe da economia o que a gente pode fazer", disse na ocasião.

Durante a entrevista nesta quarta-feira (27), Bolsonaro também voltou a dizer que o mercado é "nervosinho", e que aumenta a taxa de juros por "qualquer negocinho".

"Agora, o mercado é um nervosinho. Um nervosinho. Qualquer negocinho aumenta a taxa de juros a longo prazo, perdeu mais de 50 bilhões de reais. É assim que acontece. A divida nossa está em seis trilhões de reais. Como é que a gente trabalha desta maneira?", questionou o mandatário.

Nesta quarta-feira (27), o Copom do Banco Central (Comitê de Política Monetária) definirá nova taxa de juros. Para economistas, o drible no teto de gastos pelo governo, aliado à alta da inflação devem forçar o comitê a elevar os juros para níveis bem acima dos previstos inicialmente pelo mercado.

Em evento virtual da Anbima na terça-feira (26), os economistas Carlos Kawall, da Asa Investments, e Rodrigo Azevedo, da Ibiuna, disseram prever uma Selic próxima de 12% ao ano no início de 2022.

Kawall, ex-secretário do Tesouro Nacional, afirmou que, após os eventos da semana passada em Brasília, que deterioraram de maneira aguda a expectativa do mercado para a política fiscal, passou a projetar uma alta de 2 pontos percentuais na taxa Selic no encontro do Copom que se encerra nesta quarta-feira (27).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.