Descrição de chapéu inflação

brMalls foi pega de surpresa com a divulgação da proposta de fusão com Aliansce

Administradoras de shopping já tinham anunciado no final de dezembro que estavam em conversas

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Brasília

A operadora de shopping centers Aliansce Sonae tornou pública na madrugada desta sexta-feira (14) a sua proposta de fusão com a rival brMalls, cujo interesse havia sido anunciado no final de dezembro. Mas hoje mesmo a brMalls descartou o acordo.

Pela proposta de combinação de negócios feita pela Aliansce, os acionistas da brMalls receberiam R$ 1,35 bilhão em dinheiro, equivalente a cerca de 20% do valor de mercado da empresa, além de cerca de 265 milhões de novas ações ordinárias da Aliansce, ou 50% de seu capital social. Com isso, a relação de troca seria de aproximadamente 0,32 ação ordinária da Aliansce para cada ação ordinária da BR Malls.

Dessa forma, a empresa resultante da fusão teria uma composição de 50%-50%.

A Folha apurou que a brMalls foi surpreendida com a divulgação da proposta da Aliansce. O combinado era que a proposta, recebida no dia 4, seria avaliada com cuidado, a quatro mãos. Principalmente para entender o potencial de ganhos: a Aliansce informou que era possível atingir R$ 160 milhões em sinergias. Mas a brMalls não tem certeza deste número e queria aprofundar os estudos.

Na avaliação da brMalls, muitas lacunas sobre o sucesso do negócio ainda precisariam ser preenchidas. Inclusive a possibilidade de concentração de mercado em algumas regiões, o que demandaria a alguma das empresas se desfazer de parte dos ativos, para não correr o risco de a operação ser barrada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A nova empresa teria cerca de 70 shoppings espalhados em todas as regiões do país.

Segundo informou à Folha um alto executivo da brMalls que acompanhou as negociações, o que a Aliansce apresentou não foi uma proposta de fusão com o controle dividido igualmente entre as partes: foi uma proposta de aquisição, sem pagar o prêmio pelo controle aos acionistas.

A Aliansce ficaria com 25% das ações da companhia resultante da fusão e teria quatro assentos no conselho, a ser composto por nove membros (incluindo os independentes), de acordo com este executivo.

A brMalls ainda esperava evoluir nas negociações, antes de torná-la pública, porque a percepção era que os seus ativos não estavam sendo bem avaliados. Segundo ele, dos dez principais shoppings resultantes da fusão, sete eram da brMalls. A empresa não descarta continuar a negociação com a Aliansce, mas em outros patamares. Também diz estar aberta a negociar uma eventual fusão com outros interessados.

Em fato relevante publicado horas depois da divulgação da proposta pela Aliansce, a brMalls disse que o seu conselho de administração decidiu, por unanimidade, recusar a proposta. De acordo com a nota, a proposta "subavalia, consideravelmente, o valor econômico justo" da companhia e de seu portfólio de ativos, não atendendo aos melhores interesses dos acionistas.

Espaço inspirado no filme 'Homem Aranha: Longe de Casa', no Plaza Sul Shopping (na zona sul de São Paulo), tem cenário com referências a Londres, obstáculos com corda e lugar para desenhar
Espaço inspirado no filme 'Homem Aranha: Longe de Casa', no Plaza Sul Shopping (na zona sul de São Paulo), administrado pela Aliansce - Divulgação

Do lado da Aliansce, a Folha apurou que a disposição em negociar continua. Um alto executivo da companhia informou que a recusa faz parte do negócio e eles devem manter as tratativas. A ideia é continuar as conversas com o conselho e a administração executiva da brMalls mas se, eventualmente, os acionistas procurarem a Aliansce, ela irá atendê-los.

​A negativa da brMalls acontece em um momento complicado para as administradoras de shoppings. Conforme reportagem da Folha, os shoppings vão enfrentar este ano muitos testes de estresse: as dúvidas sobre o avanço da pandemia, o ano eleitoral e seus reflexos sobre a confiança do consumidor e especialmente as condições macroeconômicas desfavoráveis, com a massa salarial em queda e a pressão inflacionária.

Ao mesmo tempo, parte das lojas satélites, de até 200 m², começa a migrar para a rua ou para strip malls (como são chamadas galerias a céu aberto), na tentativa de escapar do reajuste do aluguel pelo IGP-M, que em alguns casos chega a 47%, como apontou a Folha.

Com presença em 12 estados e no Distrito Federal, a Aliansce tem 27 shoppings no seu portfólio, entre eles, o Plaza Sul (SP), o Shopping Leblon (RJ) e o Boulevard Shopping Brasília (DF).

Já a brMalls administra 31 shoppings em 12 estados, entre eles, Villa-Lobos (SP), NorteShopping (RJ) e Iguatemi Caxias do Sul (RS).

A Aliansce Sonae tem atualmente um valor de mercado de R$ 5,21 bilhões, enquanto o da brMalls chega a R$ 6,85 bilhões, segundo dados do software de trading e análise financeira Refinitiv Eikon.

(Com Reuters)

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