Projeções para inflação em 2022 e 2023 têm altas fortes, mostra Focus

Expectativas para a alta do IPCA subiram para 5,38% neste ano e 3,50% em 2023

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Camila Moreira
São Paulo | Reuters

As projeções de economistas para a inflação tanto neste ano quanto no próximo aumentaram com força na mais recente pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (31) pelo Banco Central, mas a perspectiva para a política de aperto dos juros seguiu inalterada.

O levantamento semanal apontou que as expectativas para a alta do IPCA, a inflação oficial, subiram para 5,38% em 2022 e 3,50% em 2023, saindo respectivamente de 5,15% e 3,40% na semana anterior.

Na última reunião do ano passado, o BC elevou a Selic, taxa básica de juros, a 9,25%, e volta a se reunir nos dias 1º e 2 de fevereiro.

Vendedora segura ovos em feira de rua no Rio de Janeiro - Amanda Perobelli - 8.jul.2021/Reuters

A perspectiva para este ano vai ainda mais além do teto da meta, cujo centro é de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Para 2023 a projeção mediana está acima do centro do objetivo, que é de 3,25%.

No ano passado, a inflação no Brasil fechou em 10,06%, puxada, sobretudo, pelos combustíveis. O etanol foi o item do IPCA que acumulou a maior alta no ano, de 62,23%. A gasolina subiu 47,49%; o óleo diesel, 46,04%. ​

O IPCA-15 de janeiro, divulgado na semana passada, indicou uma desaceleração no ritmo de alta, com uma elevação de 0,58%, mas ainda acumula expansão de 10,20% em 12 meses. Os preços foram puxados sobretudo por alimentos e bebidas, sendo que a inflação da comida é um dos focos de preocupação no começo do ano, pela estiagem que afeta lavouras no Sul e Centro-Oeste.

A piora das estimativas do Focus para 2022 também se dá na esteira do aumento da projeção para a alta dos preços administrados a 5,10% —antes, a projeção era de 4,74% antes. Para 2023 a estimativa para esses preços teve ajuste para baixo de 0,01 ponto percentual, para 3,98%.

Além do Focus, na última semana o banco Credit Suisse elevou suas projeções de alta dos preços para 2022 também para acima do teto da meta, de 5%. A instituição agora projeta que o IPCA feche o ano com alta de 6,2% —ante estimativa anterior de 6,0%.

"Os riscos para nossa previsão permanecem inclinados para cima, já que o processo de desinflação no país tem sido, historicamente, muito longo e desafiador", disse, em relatório, a economista-chefe do Credit Suisse no Brasil e colunista da Folha, Solange Srour.

A disparada de preços também é apontada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) como um fator de preocupação para a América Latina, se desdobrando em maior aperto da política monetária e menor crescimento.

Entre economistas, também há uma percepção de que a eleição de outubro deve dificultar o combate à inflação, já que as incertezas políticas e ruídos na área fiscal acabam por influenciar o câmbio.

Apesar da piora no cenário inflacionário, os especialistas consultados pelo Focus seguem vendo a Selic, a taxa básica de juros, a 11,75% ao final deste ano e a 8,0% ao fim de 2023.

Para o PIB (Produto Interno Bruto), a pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou que as estimativas são de crescimento de 0,30% este ano e de 1,55% no próximo, respectivamente de 0,29% e 1,69% no levantamento anterior.

Colaborou Douglas Gavras

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.