Descrição de chapéu Rússia

Ocidente corta bancos russos de sistema financeiro global, diz G7

Aliados do grupo dizem ter removido algumas instituições do Swift, mas não especificam quais

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Reuters

Líderes do G7 —grupo dos sete países mais industrializados do mundo— disseram neste domingo (27) que aliados ocidentais decidiram cortar "certos bancos russos" do Swift, sistema global de pagamentos

A declaração, feita em texto conjunto e publicada pela presidência da França, não especificou quais bancos russos foram afetados pela decisão. O comunicado acrescentou que uma força-tarefa transatlântica será criada em breve para coordenar as sanções contra a Rússia.

O G7 é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. No sábado (26), os países anunciaram um novo pacote de sanções econômicas à Rússia que impõe medidas para evitar que o Banco Central do país utilize reservas internacionais de cerca de US$ 630 bilhões (R$ 3,2 trilhões).

Notas de euro são exibidas no Museu do Dinheiro do Banco Central Austríaco em Viena, Áustria
Notas de euro são exibidas no Museu do Dinheiro do Banco Central Austríaco em Viena, Áustria - Heinz-Peter Bader-14.nov.17/Reuters

Das sete nações que formam o grupo, apenas o Japão não havia aderido ao movimento publicamente. No entanto, neste domingo, o país passou a defender a medida.

Em comunicado divulgado pela Casa Branca, os países ameaçaram impedir a Rússia de movimentar reservas internacionais.

"Nos comprometemos a impor medidas restritivas que impedirão o Banco Central da Rússia de utilizar as suas reservas internacionais de modo a minimizar o impacto das nossas sanções", diz o texto.

Os países também concordaram em cortar alguns bancos da Rússia do Swift, disse um porta-voz do governo alemão no sábado, em um terceiro pacote de sanções que tem o objetivo de fazer a Rússia suspender os ataques à Ucrânia.

As sanções também incluem medidas de modo a limitar a capacidade do banco central da Rússia de sustentar o rublo, a moeda oficial do país. ​

"Tomamos medidas decisivas esta noite com nossos parceiros internacionais para excluir a Rússia do sistema financeiro global, incluindo o importante primeiro passo de expulsar os bancos russos da Swift", escreveu o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em post no Twitter.

"Continuaremos trabalhando juntos para garantir que Putin pague o preço por sua agressão", escreveu o político.

Além disso, o acordo prevê o fim dos "passaportes dourados" para russos ricos e suas famílias, e irá buscar identificar indivíduos e instituições na Rússia e em outros lugares que apoiam a guerra contra a Ucrânia, disse o porta-voz.

"Os países enfatizaram sua disposição de tomar mais medidas caso a Rússia não encerre seu ataque à Ucrânia", afirmou o porta-voz.

As medidas serão implementadas nos próximos dias, disseram as nações em comunicado conjunto.

"Nós nos comprometemos a garantir que um certo número de bancos russos seja removidos do Swift", disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em comunicado à mídia.

"Isso garantirá que esses bancos sejam desconectados do sistema financeiro internacional e prejudique sua capacidade de operar globalmente".

Ela disse que cortar os bancos russos do sistema os impedirá de realizar a maioria de suas transações financeiras em todo o mundo e efetivamente bloqueará as exportações e importações russas.

A medida é um golpe para o comércio russo e torna mais difícil para as empresas russas fazerem negócios. SWIFT, ou a "Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais", é uma rede de mensagens segura que facilita pagamentos rápidos além-fronteiras, tornando-se um mecanismo crucial para o comércio internacional.

O anúncio marcou uma escalada da resposta econômica punitiva do Ocidente.

"Trabalharemos para proibir os oligarcas russos de usar seus ativos financeiros em nossos mercados. Putin embarcou em um caminho com o objetivo de destruir a Ucrânia. Mas o que ele também está fazendo, na verdade, é destruir o futuro de seu próprio país", afirmou a presidente da Comissão Europeia.

Neste domingo (23), o fundo soberano da Noruega —o maior do mundo, com US$ 1,3 trilhão sob gestão— disse que venderá seus ativos russos em resposta à invasão da Ucrânia.

Segundo o governo norueguês, os ativos russos do fundo, compostos por ações de 47 empresas e títulos do governo, valiam 25 bilhões de coroas norueguesas (US$ 2,83 bilhões) no final de 2021.

Rússia vai retomar compra de ouro

Para tentar garantir a estabilidade financeira durante as sanções ocidentais contra Moscou, o banco central da Rússia anunciou que retomará a compra de ouro no mercado doméstico a partir desta segunda-feira (28).

Mais cedo, Vladimir Putin ordenou que seu comando militar colocasse as forças com armas nucleares em alerta máximo. Combatentes ucranianos que defendem a cidade de Kharkiv disseram ter repelido um ataque de tropas invasoras russas.

O QUE É O SWIFT?

Fundada em 1973, a Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias (Swift) não lida com nenhuma transferência ou fundos, mas seu sistema de mensagens, desenvolvido na década de 1970 para substituir a dependência das máquinas de Telex, fornece aos bancos uma forma de comunicação rápida, segura e barata.

A empresa, com sede na Bélgica, é uma cooperativa de bancos e pretende permanecer neutra.

O QUE O SWIFT FAZ?

Os bancos utilizam o sistema Swift para enviar mensagens padronizadas sobre transferências de valores entre si, transferências de valores para clientes e ordens de compra e venda de ativos. Mais de 11.000 instituições financeiras, em mais de 200 países, usam o Swift, tornando o mecanismo a espinha dorsal do sistema internacional de transferências financeiras.

Seu papel preeminente nas finanças também significou que a empresa teve que cooperar com autoridades para evitar o financiamento do terrorismo.

QUEM REPRESENTA O SWIFT NA RÚSSIA?

De acordo com a associação nacional RosSwift, a Rússia é o segundo maior país, atrás dos Estados Unidos, em número de usuários, com cerca de 300 instituições financeiras pertencendo ao sistema. Mais da metade das instituições financeiras da Rússia integra o Swift.

A Rússia conta com uma infraestrutura financeira doméstica, que inclui o sistema SPFS para transferências bancárias e o sistema Mir para pagamentos com cartão, semelhante aos sistemas Visa e Mastercard.

EXISTEM PRECEDENTES DE EXCLUSÃO DE PAÍSES?

Em novembro de 2019, o Swift "suspendeu" o acesso de alguns bancos iranianos à sua rede. A medida se seguiu à imposição de sanções ao Irã pelos Estados Unidos e a ameaças feitas pelo então secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, de que o Swift seria alvo de sanções dos EUA se não concordasse.

O Irã já havia sido desconectado da rede Swift, entre 2012 e 2016.

EXISTEM PRECEDENTES DE EXCLUSÃO DE PAÍSES?

Em termos práticos, ser removido do Swift significa que os bancos russos não podem usá-lo para realizar ou receber pagamentos junto a instituições financeiras estrangeiras para transações comerciais.

Nações ocidentais ameaçaram excluir a Rússia do Swift em 2014, após a anexação da Crimeia. Mas descartar um país tão importante —a Rússia também é um grande exportador de petróleo— poderia estimular Moscou a acelerar o desenvolvimento de um sistema de transferências alternativo, com a China, por exemplo.

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