Descrição de chapéu tecnologia

Plataforma suspende maior parte de vendas de NFTs por falsificações e plágio

Para fundador da Cent, comércio de conteúdo que não pertence aos criadores das NFTs é problema fundamental desse mercado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Elizabeth Howcroft
Londres | Reuters

A plataforma que vendeu um NFT do primeiro tuíte de Jack Dorsey por US$ 2,9 milhões (R$ 15,25 milhões) interrompeu a maioria das transações porque algumas pessoas estavam vendendo tokens de conteúdo que não pertenciam a elas, disse seu fundador, chamando isso de "problema fundamental" no mercado de ativos digitais, que está em rápido crescimento.

As vendas de NFTs, sigla em inglês de "tokens não fungíveis", subiram para cerca de US$ 25 bilhões em 2021, deixando muitas pessoas perplexas. Por que tanto dinheiro está sendo gasto em coisas que não existem fisicamente e que qualquer um pode ver online de graça?

Os NFTs são criptoativos que registram a propriedade de um arquivo digital, como uma imagem, um vídeo ou texto. Qualquer pessoa pode criar, ou "cunhar", um NFT, e a propriedade do token geralmente não confere a propriedade do item subjacente.

Relatos de golpes e falsificações tornaram-se comuns.

Visitantes leem cartaz no Museu de NFTs, em Seattle, EUA - Jason Redmond - 29.jan.2022/AFP

O Cent, com sede nos Estados Unidos, executou uma das primeiras vendas conhecidas de NFT de US$ 1 milhão quando vendeu a postagem do ex-CEO do Twitter como um NFT, em março passado. Mas a partir de 6 de fevereiro deixou de permitir a compra e venda, disse seu CEO e cofundador Cameron Hejazi à agência Reuters.

"Há um espectro de atividade que está acontecendo que basicamente não deveria estar acontecendo —digamos, legalmente", afirmou Hejazi.

Enquanto o marketplace do Cent, "beta.cent.co", interrompeu as vendas de NFTs, a parte específica para vender NFTs de tuítes, que é chamada de "Valuables", ainda está ativa.

Hejazi destacou três problemas principais: pessoas que vendem cópias não autorizadas de outras NFTs, pessoas que fazem NFTs de conteúdo que não lhes pertence e pessoas que vendem conjuntos de NFTs que se assemelham a títulos financeiros.

Ele disse que esses problemas estão "desenfreados", com os usuários "cunhando sem parar ativos digitais falsificados".

"Isso continuou acontecendo. Nós cancelamos contas infratoras, mas era como se estivéssemos num jogo de caça à toupeira... Toda vez que afastávamos uma, surgia outra, ou mais três."

"Dinheiro perseguindo dinheiro"

Esses problemas podem adquirir maior foco à medida que grandes marcas aderem à corrida em direção ao chamado "metaverso", ou Web3. A Coca-Cola e a marca de luxo Gucci estão entre as empresas que venderam NFTs, enquanto o YouTube disse que vai explorar os recursos dos NFT.

Embora o Cent, com 150 mil usuários e receita "na casa dos milhões", seja uma plataforma de NFT relativamente pequena, Hejazi disse que a questão do conteúdo falso e ilegal existe em todo o setor.

"Acho que é um problema bastante fundamental da Web3", disse.

O maior mercado de NFTs, OpenSea, avaliado em US$ 13,3 bilhões (cerca de R$ 70 bilhões) após sua última rodada de financiamento de risco, disse no mês passado que mais de 80% dos NFTs cunhados gratuitamente em sua plataforma eram "trabalhos plagiados, coleções falsas e spam".

A OpenSea tentou limitar o número de NFTs que um usuário podia cunhar gratuitamente, mas depois reverteu essa decisão após uma reação dos usuários, disse a empresa em uma discussão no Twitter, e acrescentou que está "trabalhando em várias soluções" para impedir "maus atores" enquanto apoia os criadores.

"É contra a nossa política vender NFTs usando conteúdo plagiado", disse um porta-voz da OpenSea.
"Estamos trabalhando 24 horas por dia para enviar produtos, adicionar recursos e refinar nossos processos para atender ao momento."

Para muitos entusiastas dos NFT, a natureza descentralizada da tecnologia blockchain é atraente, permitindo que os usuários criem e negociem ativos digitais sem uma autoridade central controlando a atividade.

Mas Hejazi disse que sua empresa está interessada em proteger os criadores de conteúdo e poderá adotar controles centralizados como medida de curto prazo para reabrir o mercado, antes de explorar soluções descentralizadas.

Foi após a venda do NFT de Dorsey que o Cent começou a ter uma ideia do que estava acontecendo nos mercados de NFT.

"Percebemos que grande parte disso é apenas dinheiro correndo atrás de dinheiro."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.