Recados do BC, apreensão bilionária de bitcoins e o que importa no mercado

Leia a edição da newsletter FolhaMercado desta quarta-feira (9)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (8). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo.


Os recados do BC

A ata da última reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira (8), veio cheia de recados ao mercado e ao governo. No encontro da semana passada, o BC havia elevado a Selic para 10,75% ao ano.

Entenda: a autoridade monetária indicou que fará ao menos mais dois aumentos na taxa básica de juros, e que ela pode ir para um nível acima de 12%.

Antes da ata, o mercado projetava um aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião e outro de 0,25 p.p. na de maio. Uma redução de 0,25 p.p. aconteceria em dezembro, com a Selic encerrando 2022 em 11,75%, segundo o boletim Focus.

Nos recados para o governo, o BC alertou que políticas fiscais que diminuam a inflação no curto prazo podem ter um efeito negativo sobre a taxa de câmbio e sobre as expectativas de inflação. Nesse caso, seria necessário subir ainda mais os juros.

Apesar de não citar as propostas que estão em discussão no governo e no Congresso, a ata foi lida como um recado destinado às PECs que pretendem cortar tributos sobre os combustíveis em ano eleitoral.

No alvo: as PECs dos Combustíveis –uma delas classificada como kamikaze pela Economia– também foram alvos de críticas de grandes investidores. O economista-chefe da gestora Verde Asset, Daniel Leichsenring, disse que a proposta iguala os governos de Bolsonaro e Dilma do ponto de vista econômico.

No Congresso, o presidente da Câmara, Arthur Lira, defende que o projeto que congela o ICMS sobre os combustíveis seja aprovado antes de começar as discussões sobre as PECs.


Apreensão histórica de bitcoins nos EUA

Os EUA anunciaram nesta terça que recuperaram mais de 94 mil bitcoins que foram roubados em 2016. Com valor atual de US$ 3,6 bilhões (R$ 19 bilhões), essa é a maior apreensão financeira da história do país.

Entenda: em 2016, um hacker invadiu os sistemas da plataforma Bitfinex, com sede em Hong Kong, e roubou quase 120 mil bitcoins de seus clientes, avaliados na época em US$ 71 milhões (R$ 374 milhões).

As autoridades americanas disseram que 25 mil dessas criptos foram desviadas para contas online abertas por um casal para comprar ouro e NFTs. Os dois, suspeitos da prática de lavagem dos bitcoins roubados, podem pegar até 20 anos de prisão.

Por que importa: a apreensão histórica é mais um sinal de que a competência das autoridades para rastrear as criptos tem crescido junto com sua popularização.

Essa evolução é importante para rastrear não apenas os roubos, mas também golpes como os de ransomware, em que hackers exigem o pagamento do resgate por criptomoedas.


UE quer nacionalizar chips

A Comissão Europeia propôs, nesta terça-feira (8), liberar 43 bilhões de euros (R$ 258,8 bilhões) para fomentar a indústria local de chips semicondutores.

Esses componentes são essenciais para produtos tecnológicos, de computadores a carros.

O que explica: a dependência da Ásia para o fornecimento desses insumos ficou escancarada com a pandemia, que trouxe uma grande demanda por eletrônicos. O resultado é que fábricas do mundo todo tiveram que diminuir sua produção –ou até parar, caso das montadoras –por falta de chips.

Em números: hoje com cerca de 9% da produção global, a União Europeia quer chegar a 2030 com participação de 20% no mercado mundial de semicondutores, que movimentou quase 600 bilhões de euros (R$ 3,6 trilhões) no ano passado.

Subsídios: o projeto ainda precisa ser aprovado pelos países-membros do bloco e pelo Parlamento Europeu.

A maioria dos recursos iria para indústrias do setor que desejam investir na Europa. Uma outra fatia financiaria pesquisas sobre o desenvolvimento da tecnologia e uma menor parte iria para apoiar startups do setor.

E aqui? As indústrias brasileiras também foram afetadas pela falta de chips, principalmente a automotiva. Em novembro do ano passado, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, convidou Elon Musk a criar uma indústria de semicondutores no país.

A decisão contrasta, porém, com a decisão de liquidar o Ceitec, único fabricante de semicondutores da América Latina.


Cbios disparam e pressionam combustíveis

A cotação dos créditos de carbono do setor de combustíveis, os Cbios, já subiram 34% neste ano, colocando uma pressão adicional sobre os preços da gasolina e do diesel no país.

Entenda: eles começaram a ser negociados em 2020, em um plano do governo de transferir recursos da venda de combustíveis fósseis para incentivar a produção de energia renovável.

Pelo programa, as distribuidoras compram os Cbios dos produtores de etanol e biodiesel para compensar a emissão de poluentes no consumo de gasolina e diesel. Cada Cbio equivale à emissão de uma tonelada de carbono na atmosfera.

Em números: na segunda, o preço médio do Cbio chegou a R$ 78,79, quase o dobro da média de 2021, de R$ 39. Com o crédito se aproximando de R$ 80, o mercado calcula que o impacto no preço dos combustíveis fique em torno de R$ 0,06 por litro.

Disputa: a alta das cotações preocupa as distribuidoras, que veem a redução da oferta de títulos como um fator de pressão sobre as cotações. O mercado calcula que cerca de 12 milhões de Cbios já foram emitidos em 2022, mas apenas 7 milhões foram oferecidos às distribuidoras.

Segundo o MME (Ministério de Minas e Energia), já foram negociados 7,5 milhões de Cbios em 2022, o equivalente a 20,9% da meta estabelecida para o ano.


O que mais você precisa saber

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.