Empresa canadense quer dobrar projeto de potássio em área perto de terra indígena

Proposta cobriria quase metade da necessidade do fertilizante, mas levaria pelo menos três anos para entrar em operação

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Anthony Boadle
Brasília | Reuters

Uma empresa canadense propôs dobrar a produção planejada de potássio de um depósito na Amazônia brasileira para reduzir a dependência do país das importações de fertilizantes afetadas agora pela guerra na Ucrânia.

A Brazil Potash disse na terça-feira (15) que seus executivos se reuniram com a ministra da Agricultura brasileira, Tereza Cristina, em Ottawa, e discutiram elevar a capacidade planejada de 2,44 milhões de toneladas para mais de 5 milhões de toneladas por ano, no projeto em Autazes (AM).

Isso poderia cobrir quase metade da necessidade brasileira de potássio, um fertilizante essencial. No entanto, a empresa disse que levaria pelo menos três anos para entrar em operação assim que o licenciamento fosse obtido.

Um agricultor carrega trator com fertilizante antes de espalhá-lo em um campo de soja, perto de Brasília - Adriano Machado - 15.fev.2022/Reuters

O proprietário do Brazil Potash, o banco de investimentos Forbes & Manhattan, cujo presidente do conselho Stan Bharti se reuniu com a ministra brasileira no domingo, vem tentando desenvolver o depósito de Autazes há mais de cinco anos, mas o projeto foi interrompido por preocupações ambientais.

Os promotores recomendaram em 2016 a suspensão da licença para desenvolver Autazes porque a tribo indígena Mura não havia sido consultada, em violação à Constituição do Brasil.

O Brasil depende de importações para 95% de seu potássio e é um grande comprador dos principais fornecedores Canadá, Rússia e Belarus. No ano passado, o Brasil importou cerca de 10 milhões de toneladas.

Cerca de 30% do fornecimento global de potássio foi retirado do mercado devido à incapacidade dos produtores russos e de Belarus de exportar.

"Nossa opinião é que as sanções impostas à Rússia e à Belarus não terão vida curta", disse a Brazil Potash em comunicado enviado à Reuters.

À medida que os preços do potássio triplicaram no ano passado e os riscos geopolíticos que ameaçam a oferta do Leste Europeu se aprofundaram, o interesse no Brasil pelo projeto Autazes cresceu.

O presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil precisa explorar o depósito em breve e pressionou por uma lei que permita a mineração em reservas indígenas.

A empresa diz que a mina teria um impacto ambiental menor. O sal separado do potássio em uma planta de processamento de superfície seria devolvido ao subsolo, de acordo com os planos.

Os Mura temem que isso polua os rios e afugente a caça e os peixes dos quais dependem.

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