As autoridades espanholas apreenderam provisoriamente um iate ancorado em Tarragona (nordeste) para investigar se pertence a algum dos magnatas russos sancionados pela União Europeia, informou o Ministério dos Transportes nesta quarta-feira (16).
Com a bandeira das Ilhas Cayman e 135 metros de comprimento, o megaiate Crescent está atracado na zona portuária de Port Tarraco —na costa turística do Mediterrâneo catalão— desde 2 de novembro de 2021, e não poderá zarpar enquanto as autoridades espanholas não determinarem sua real titularidade.
"Será verificado se a propriedade, posse ou controle do navio corresponde ou não a uma pessoa singular ou coletiva incluída na lista de pessoas e entidades sancionadas pelo Conselho Europeu em consequência da guerra provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia", disse o ministério em um comunicado.
De acordo com a nota, que não dá detalhes sobre quem poderia ser seu proprietário, esse mega iate havia solicitado a saída da Capitania Marítima em 4 de março.
A retenção provisória do Crescent é a terceira realizada pelas autoridades espanholas desde o início da semana.
Retenção do iate Lady Anastasia
Nesta terça-feira (15), as autoridades espanholas já haviam retido no arquipélago das Baleares um segundo iate que procuram provar pertencer a um dos magnatas russos sancionados pelo bloco europeu, anunciou o Ministério dos Transportes.
Um primeiro iate foi confiscado na segunda-feira (14), em Barcelona, conforme anúncio do presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez.
O segundo barco, com 48 metros de comprimento e chamado Lady Anastasia, foi retido em Puerto Adriano, na ilha mediterrânea de Maiorca.
A polícia está verificando se a propriedade, posse, ou controle da embarcação corresponde a uma pessoa física, ou jurídica que esteja na lista negativa da UE. Se sim, o barco será apreendido, informou o Ministério em comunicado.
De acordo com uma fonte policial, as autoridades suspeitam que o navio pertença a Alexandre Mijeiev, diretor-geral da Rosoboronexport, empresa pública russa responsável pela venda de armas.
No final de fevereiro, um membro ucraniano da tripulação do Lady Anastasia foi preso por tentar afundar o iate para se vingar de seu dono, disse a polícia local à AFP.
A Rosoboronexport é uma subsidiária da Rostec, conglomerado estatal que reúne o essencial do complexo industrial-militar russo, liderado por Serguei Chemezov.
Ao anunciar a primeira retenção, Pedro Sánchez disse se tratar de um iate de cerca de US$ 140 milhões (R$ 718,3 milhões) e garantiu que haveria mais ações semelhantes.
Serguei Chemezov e Alexandre Mikheiev estão na estão na lista de sancionados pela União Europeia, que foi ampliada na segunda-feira com novos nomes de magnatas como Roman Abramovich, dono do clube de futebol inglês Chelsea.
Segundo o jornal El País, a Valeria pertence a Serguei Chemezov, figura próxima do presidente Vladimir Putin.
"O governo está agindo com diligência, é parte da resposta europeia", disse a porta-voz do governo, Isabel Rodríguez, em entrevista coletiva nesta terça-feira.
Serguei Chemezov e Alexandre Mikheiev estão na lista de indivíduos atingidos por sanções europeias.
A resposta ocidental à invasão russa da Ucrânia inclui o confisco de contas bancárias, mansões e barcos de luxo de magnatas russos.
L'Amore Vero, um iate avaliado entre 100 e 120 milhões de euros (de R$ 562,9 milhões a R$ 737,4 milhões), foi apreendido na quinta-feira passada (10), no sul da França.
No sábado, a Itália anunciou que havia congelado cerca de 140 milhões de euros (R$ 788 milhões) em ativos pertencentes a oligarcas russos, incluindo dois iates.
Um dos iates de Roman Abramovich, o Solaris, partiu de Barcelona na semana passada e está na Baía de Montenegro desde sábado.
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