Descrição de chapéu Agrofolha Guerra na Ucrânia

Não vai ter potássio para todo mundo em 2022, diz empresário

Cristiano Veloso, que comanda fábrica de fertilizantes em MG, afirma que guerra e sanções se somam a outros problemas da cadeia

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Ribeirão Preto

A guerra envolvendo a Rússia e a Ucrânia fará com que não haja potássio para atender toda a demanda global neste ano, avalia Cristiano Veloso, CEO e fundador da Verde Agritech, empresa de fertilizantes potássicos instalada em São Gotardo (MG) e que anunciou a ampliação da sua produção após o início do conflito no Leste Europeu.

O Brasil é altamente dependente da importação de fertilizantes e a Rússia é o segundo maior produtor no mundo, com 19% do mercado.

Verde Agritech vai ampliar produção em fábrica que está sendo construída em São Gotardo,  no interior mineiro
Verde Agritech vai ampliar produção em fábrica que está sendo construída em São Gotardo, no interior mineiro - Divulgação

As sanções impostas ao país governado por Vladimir Putin fizeram com que a Rússia recomendasse aos fabricantes de fertilizantes a suspensão das exportações, como retaliação.

O conflito, aliado às dificuldades logísticas para desembaraço aduaneiro de fertilizantes e aos problemas já existentes no setor, compõe um cenário crítico para as exportações em 2022, na avaliação do executivo.

"Infelizmente, este ano, não vai ter potássio para todo mundo [...] e quem vai sofrer mais com isso vai ser a população mais simples, seja do Brasil ou seja do mundo. Se você não alimenta a planta, ela não produz o que deveria estar produzindo e, quando ela não produz o que deveria estar produzindo de alimento, vai ter muito menos alimento, infelizmente, no mundo. Isso vai acabar acontecendo", disse Veloso.

Em 2021, o Brasil importou da Rússia 9,3 milhões de toneladas de fertilizantes, 24% mais que as 7,5 milhões de toneladas do ano anterior, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

De acordo com ele, há outros aspectos que podem piorar o já crítico cenário, como o risco de greve numa ferrovia canadense pela qual escoa o potássio do país. O Canadá foi responsável por 32% dos embarques ao Brasil desde 2017.

"[O Canadá] Já tem um gargalo na logística de exportação e tem mais esse agravante. Se quiser complicar mais esse cenário, se é que precisa, praticamente todo ano uma dessas minas de potássio convencionais, por questões geológicas mesmo, são minas muito profundas, a 1.500 m, 2.000 m de profundidade, tem um problema muito grande com infiltração de água. Frequentemente perde-se mina."

Veloso elogiou o Plano Nacional de Fertilizantes lançado na sexta-feira (11) pelo governo federal e disse que o impacto na Verde Agritech será positivo.

Com projeto aprovado no Ministério de Minas e Energia que permite suprir 33% da demanda atual brasileira por potássio, o CEO afirmou que a empresa, com 300 funcionários, tem trabalhado para viabilizar as expansões o mais rapidamente possível e projeta atingir essa produção num horizonte de cinco a dez anos.

Para isso, porém, disse que depende de conexão com a malha ferroviária e prega que os governos estaduais e municipais também tenham como prioridade minimizar os impactos da crise.

Depois de ter funcionado por dois anos com geradores de energia elétrica, Veloso afirmou que na expansão da fábrica deve ser obrigado a operar novamente com gerador.

A Verde Agritech fechou 2021 com cerca de 400 mil toneladas produzidas e, com a expansão, terá capacidade para a produção de até 3 milhões de toneladas anuais.

A operação em São Gotardo não necessita de barragem e o potássio é livre de cloro, diferentemente do cloreto de potássio importado. A fonte da produção é o siltito glauconítico, uma rocha esverdeada.

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