Heineken anuncia nova fábrica em MG após desistir de projeto próximo a sítio arqueológico

Cervejaria prevê investir R$ 1,8 bi em Passos; empresa também assinou acordo com Ministério Público

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Belo Horizonte

A cervejaria Heineken anunciou nesta quarta-feira (27) um investimento de R$ 1,8 bilhão na construção de uma fábrica na cidade de Passos, região sul de Minas Gerais. A planta seria erguida originalmente em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas a cervejaria desistiu do projeto após críticas de que ele colocaria em risco um sítio arqueológico da região.

A construção da unidade havia sido aprovada pelas autoridades ambientais estaduais e municipais, mas foi embargada pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão do governo federal.

Imagem de um copo de cerveja
Cervejaria da Heineken em MG tem obra embargada - Kham - 9.fev.2021/Reuters

A fábrica seria erguida em uma região próxima do sítio arqueológico onde foi encontrado o crânio de Luzia, o mais antigo fóssil humano das Américas —um local sob proteção ambiental.

Além do anúncio da nova fábrica, a Heineken também assinou nesta quarta um TCA (Termo de Compromisso Ambiental) com o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) e o MPF (Ministério Público Federal) relativo à atuação da empresa em Pedro Leopoldo.

O TCA prevê investimento de R$ 150 mil pela Heineken em projetos que serão definidos pela promotoria do Ministério Público com o comando da área de proteção ambiental em que os restos mortais de Luzia foram localizados. Com isso, o inquérito será encerrado.

Segundo o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, responsável pela área de Meio Ambiente do MPMG, o TCA inclui também pontos que obrigam a Heineken, no projeto previsto para Passos, a utilizar somente energia renovável para produção.

"Com isso, a unidade no município será referência mundial em sustentabilidade", afirmou o promotor. Conforme Pinto, as investigações em Pedro Leopoldo serão encerradas com a assinatura do TCA.

O representante do MP disse ainda que as investigações não constataram que as obras iniciais da Heineken em Pedro Leopoldo tenham afetado o sítio arqueológico de Luzia. O fechamento do acordo não foi imposto como condição para que a planta fosse instalada em outra cidade.

Segundo o CEO da Heineken no Brasil, Maurício Giamellaro, a decisão de mudar o local da planta foi "corajosa".

"Tivemos um apoio muito grande na cidade de Pedro Leopoldo, e nós temos, nos nossos valores, um valor que se chama coragem e o outro, que é respeito. E nós entendemos que naquele momento a gente precisava respeitar as decisões de todas as pessoas, e junto com o governo de Minas tomamos a decisão corajosa de mudar o lugar da nossa cervejaria", afirmou durante o anúncio da nova planta.

A empresa afirma que a escolha do município foi influenciada por fatores como proximidade com os mercados de Belo Horizonte, da capital São Paulo e interior paulista, e a disponibilidade hídrica da região —Passos está na bacia do Rio Grande.

A expectativa é que a nova planta gere 350 empregos diretos no município. A inauguração está prevista para 2025. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também participou do anúncio.

A fábrica vai produzir dois rótulos: Heineken e Amstel, ambas puro malte. A fábrica é a primeira em Minas Gerais e terá capacidade para 5 milhões de hectolitros por ano, com possibilidade de expansão, conforme a cervejaria.

A reportagem entrou em contato com o ICMBio, mas não obteve resposta até a publicação do texto.

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