Descrição de chapéu Banco Central

Servidores do BC aprovam volta da greve a partir de 3 de maio

Funcionários da autoridade monetária mostram insatisfação com proposta de reajuste salarial de 5%

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Brasília

Insatisfeitos com a proposta de reajuste salarial de 5% e sem avanço nas negociações, os servidores do Banco Central aprovaram, em assembleia realizada nesta sexta-feira (29), a retomada da greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça, dia 3 de maio.

A decisão contou com o apoio de "ampla maioria" dos funcionários que participaram da assembleia deliberativa, segundo o Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central). O BC comunicou que não irá se pronunciar sobre a resolução.

A greve dos servidores da autoridade monetária foi suspensa após o dia 19 de abril, quando os funcionários resolveram dar um "voto de confiança" a Roberto Campos Neto, presidente do BC, na busca "por uma proposta ainda melhor para os analistas e técnicos".

Desde então, eles vinham atuando em operação-padrão e fazendo paralisações diárias, das 14h às 18h.​

Em janeiro, servidores protestaram em frente à sede do Banco Central, em Brasília - Pedro Ladeira - 18.jan.22/Folhapress

A nova etapa do movimento grevista deve seguir as mesmas características da paralisação iniciada em 1º de abril, com interrupção na publicação de informações, como as estatísticas financeiras. "A gente vai fazer nos mesmos moldes, mas vamos tentar com mais rigor e mais força. Chega de voto de confiança, já demos duas vezes e não adiantou", disse Fábio Faiad, presidente do Sinal.

De acordo com a entidade, Campos Neto afirmou aos representantes sindicais, em uma reunião no dia 18, que o reajuste linear de 5% para todo o funcionalismo público é consenso entre os ministros e chancelado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Também segundo o sindicato, em encontro na quarta-feira (27), a diretora de Administração do BC, Carolina de Assis Barros, confirmou que "há grandes chances de a proposta ser oficializada" e disse que o BC atuará caso outra carreira congênere receba proposta superior.

Como antecipou a Folha, em 13 de abril, Bolsonaro decidiu conceder um reajuste de 5% para todas as carreiras —inclusive militares das Forças Armadas, além de integrantes do Judiciário e do Legislativo— a partir de 1º de julho.

Nesta sexta, o presidente disse em entrevista à rádio Metrópole FM, de Cuiabá (MT), que a proposta de reajustar em 5% o salário de servidores federais "desagrada a todo mundo", mas tentou se afastar das críticas de categorias, pedindo compreensão.

O custo da medida é estimado em R$ 7,9 bilhões em 2022, enquanto o Orçamento só tem reservado o valor de R$ 1,7 bilhão para reajustes ou reestruturações de carreiras de servidores neste ano.

O descontentamento dos funcionários públicos cresceu após Bolsonaro ter acenado com aumento apenas aos policiais federais, categoria que compõe sua base de apoio. ​

Também de acordo com o sindicato, Campos Neto se comprometeu a conseguir uma reunião entre membros das três entidades dos servidores do BC e o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), o que não aconteceu até o momento.

A categoria havia demonstrado insatisfação com a proposta discutida pelo governo, apesar da suspensão temporária da greve no dia 19.

"Nós declaramos que 5% são insuficientes, apresentamos uma contraproposta abrindo mão de que o reajuste de 27% seja no primeiro semestre de 2022, permitindo que a Medida Provisória tenha validade apenas a partir de 1º de julho", afirmou Faiad. "Além disso, cobramos novamente o atendimento integral à nossa pauta não salarial."

Sem reajuste nos últimos três anos, os servidores do BC pedem recomposição salarial de 27% e reestruturação de carreira de analistas e técnicos.

No BC, analistas recebem um salário bruto mensal aproximado de R$ 19 mil a R$ 27 mil, enquanto a remuneração de técnicos varia em torno de R$ 7.500 a R$ 12,5 mil.

Quanto à pauta não salarial, os funcionários pedem a mudança da nomenclatura de analista para auditor, por exemplo, e a exigência de nível superior para ingresso dos técnicos do BC.

A mobilização dos servidores, que se intensificou a partir de 1º de abril, causou uma série de atrasos nas atividades rotineiras da autoridade monetária, mas parte foi restabelecida ao longo das últimas duas semanas, durante a pausa da greve.

O BC divulgou alguns relatórios, notas e indicadores pendentes, como a pesquisa Focus, o relatório de poupança e outros, mas algumas pendências continuam devido ao volume acumulado.

As notas econômico-financeiras (setor externo e crédito) referentes ao mês de fevereiro, por exemplo, foram divulgadas nesta semana, com defasagem de cerca de um mês. A publicação dos dados relativos a março ainda não tem data prevista para acontecer.

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