Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta segunda-feira (9). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo.
Alta da Selic beneficia fundos de papel
O atual ciclo de alta de juros, o mais forte no Brasil desde a criação do sistema de metas para inflação, em 1999, deixa ainda mais atrativas as oportunidades oferecidas pelos títulos de renda fixa.
É possível ganhar com essa estratégia não apenas no mercado de títulos públicos e privados, mas também com os fundos de papel, negociados em Bolsa.
Entenda: esses FIIs (fundos de investimento imobiliário) investem em CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), títulos privados de renda fixa vinculados ao mercado imobiliário.
- A alta dos juros beneficia esses ativos porque eles costumam variar de acordo com a inflação, medida pelo IPCA, ou com o CDI (índice médio dos contratos de empréstimos de curto prazo negociados exclusivamente entre instituições bancárias).
Contra a maré: apesar de o avanço da Selic afetar a indústria de FIIs como um todo, o preço das cotas dos fundos de papel é uma exceção à queda observada em outros tipos de FIIs nesses momentos.
Mais sobre alta dos juros e investimentos:
- A Selic está alta, mas títulos atrelados a ela ainda devem perder do IPCA+5%, afirma Michael Viriato, do blog De Grão em Grão.
- Olhando o mundo a partir do carrinho de supermercado, fica fácil entender por que as ações de varejistas caíram tanto neste ano, comenta o colunista Marcos de Vasconcellos.
- A percepção de que a política monetária americana será mais contracionista explica a desvalorização das moedas ante o dólar nas últimas três semanas, aponta o colunista Samuel Pessôa.
- Veja como declarar investimento em poupança, CDB e ações no IR.
Vale fornecerá níquel à Tesla
A Vale comunicou na sexta (6) que assinou com a Tesla um acordo de longo prazo para fornecimento de níquel de baixo carbono a partir de suas operações no Canadá.
As estratégias: do lado da Vale, o negócio faz sentido para diversificação dos negócios, aumentando sua exposição à indústria de veículos elétricos, e também contribui com a agenda ESG da companhia.
- As receitas de vendas com níquel representaram 8% do total desse tipo de receita da mineradora no primeiro trimestre de 2022.
- Para a Tesla, o acerto significa maior garantia de fornecimento de um dos componentes mais essenciais para os carros elétricos. O níquel é usado na bateria desses veículos.
Por que importa: o mercado do metal virou de cabeça para baixo com a guerra na Ucrânia, uma vez que a Rússia abriga a maior produtora de níquel do mundo.
- O impacto chegou aos preços. Enquanto o níquel não oscilava muito além de US$ 10 mil e US$ 15 mil a tonelada durante os últimos cinco anos, no dia 8 de março seu preço disparou para US$ 100 mil a tonelada na Bolsa de Metais de Londres, que congelou as negociações na época.
- Apesar de não estar mais nesse patamar, as cotações do níquel seguem pressionadas e estão sendo negociadas em torno de US$ 30 mil.
Musk recorre a amigos
Enquanto Elon Musk não consegue convencer a maioria dos grandes fundos a rachar a conta do Twitter, ele está recorrendo a seus amigos bilionários –e que já ganharam muito dinheiro com ele.
Na quinta, o bilionário disse ter conseguido levantar US$ 7,14 bilhões (R$ 35,7 bilhões) com 19 investidores. Entre eles estão Larry Ellison, cofundador da Oracle e membro do conselho da Tesla, e o presidente da plataforma de cripto Binance, Changpeng Zhao.
Os fundos recusaram apoiar a ofensiva de Musk pelos poucos detalhes de seus planos para o Twitter, disse o Financial Times. Nem a promessa de recolocar a empresa na Bolsa em poucos anos foi suficiente.
Em números: o dinheiro novo irá para reduzir parte do patrimônio em ações da Tesla que Musk comprometeu para financiar a compra da rede social. Antes em US$ 12,5 bilhões, agora essa fatia está em US$ 6,25 bilhões.
- O bilionário ainda tem que pagar US$ 21 bilhões em dinheiro e outros US$ 13 bilhões em financiamento junto a bancos. Para levantar a grana, ele já vendeu US$ 8,5 bilhões em ações da Tesla.
- Ao todo, Musk ainda estará pendurado com pouco mais de US$ 20 bilhões.
Na Justiça: o sul-africano e o Twitter foram processados na sexta (6) por um fundo de pensão da Flórida que busca impedir o bilionário de concluir a compra da rede social antes de 2025.
Teles x big techs
Teles que operam no Brasil e big techs como Facebook, Google e Apple travam uma batalha nos bastidores em torno do 5G e de redes wi-fi no país.
Entenda: a bronca está num megabloco de frequências de 6GHz (Gigahertz) que a Anatel destinou sem custos para empresas interessadas em prestar serviços pelo chamado wi-fi6E —tecnologia que habilita super hotspots de wi-fi.
- As teles, que pagaram no leilão R$ 47 bilhões para montar as redes 5G, reclamam da decisão porque essas frequências são contíguas às do 5G "puro-sangue"(que opera em 3,5 GHz).
- Segundo elas, no futuro essa faixa precisará ser usada pelo 5G, o que causará problemas técnicos porque ela estará ocupada.
Em números: em jogo está um mercado de US$ 112 bilhões até 2030 que, segundo as teles, poderá ser dominado pelas gigantes da tecnologia.
O que querem as big techs: as gigantes da tecnologia estão de olho nessas frequências porque querem construir redes wi-fi próprias para que seus produtos funcionem somente por essa infraestrutura.
- Um óculos de realidade aumentada do Google, por exemplo, funcionaria pela rede wi-fi do Google.
As teles também questionam a decisão da Anatel pela baixa quantidade de dispositivos wi-fi6E com certificação. Atualmente, há duas dezenas deles.
Na Europa, a UE (União Europeia) avalia se as big techs devem contribuir com o financiamento das redes de telecomunicações.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.