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Colapso das criptomoedas atingirá com mais força minorias e jovens

Criptoativos podem ter parecido alternativas acessíveis para pessoas de baixa renda

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Lex - Financial times

Coluna de Negócios e Finanças do jornal Financial Times

Para muitas pessoas, os ativos digitais evocam imagens dos chamados "cripto bros" —o estereótipo de homens jovens, bem-educados, de ascendência europeia, com boas perspectivas de rendimentos. Na verdade, os americanos de ascendência africana e hispânica estão desproporcionalmente representados entre os investidores norte-americanos.

A juventude certamente é um fator diferenciador. Mas a capacidade de suportar perdas confortavelmente pode não ser. Os especialistas talvez devessem guardar seu desprezo para os promotores de ativos digitais que só usam jargões, em vez dos compradores que pagam do próprio bolso.

Desde novembro passado, o valor total do mercado de criptomoedas caiu dois terços —ou mais de US$ 2 trilhões—, para menos de US$ 1 trilhão. O bitcoin perdeu 70% de seu valor, sendo negociado a pouco mais de US$ 20 mil.

Representação das criptomoedas Tether, bitcoin e etherium em frente a gráfico de negociações - Justin Tallis - 8.mai.2022/AFP

A ruína dos ativos digitais atingirá os investidores minoritários. Um relatório do Pew Research Center no ano passado mostrou que os adultos asiáticos, negros e hispânicos têm maior propensão que os brancos a comprar tokens.

Um quarto dos americanos negros com renda familiar superior a US$ 50 mil possui criptoativos, segundo uma pesquisa feita pela Ariel Investments e Charles Schwab, em comparação com apenas 15% dos americanos brancos com renda semelhante. Mais que o dobro de investidores negros disseram que a criptomoeda foi seu primeiro investimento –11% contra 4%.

A cautela com produtos de investimento tradicionais tem raízes históricas. No passado, as pessoas não brancas eram submetidas a práticas de empréstimos discriminatórias pelos grandes bancos. Elas são mais frequentemente visadas por credores predatórios com empréstimos arriscados.

Em todas as etnias, as pessoas de 25 a 34 anos são a faixa etária predominante, de acordo com a Insider Intelligence. Jovens e minorias podem figurar como compradores significativos de criptomoedas porque a renda e a riqueza pessoal são menores nesses grupos. O patrimônio imobiliário está fora de alcance como investimento em cidades caras, como Nova York e San Francisco, para pessoas de recursos modestos. Para algumas delas, as criptomoedas podem ter parecido alternativas acessíveis.

Os verdadeiros "cripto bros" –programadores em startups digitais– enfrentam um duplo golpe. Eles podem se tornar redundantes enquanto o valor dos tokens que economizaram de salários pagos parcialmente em criptomoedas evapora.

A criptobolha foi impulsionada principalmente por dinheiro em abundância. Mas um fator impulsionador menos destacado pode ter sido um aumento mais rápido do preço de ativos como habitação ou educação universitária do que dos salários. De acordo com Brad Sherman, um congressista da Califórnia, "precisamos de uma sociedade em que as pessoas ganhem dinheiro suficiente [para] economizar e comprar uma casa, em vez de uma moeda".

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