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Queda das ações da Petrobras volta a pesar na Bolsa

Crise doméstica freia recuperação do mercado em dia positivo no exterior

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São Paulo

A queda das ações da Petrobras voltou a prejudicar desempenho da Bolsa de Valores brasileira nesta terça-feira (21), dia em que o governo de Jair Bolsonaro (PL) deu continuidade às ofensivas contra a companhia após o aumento dos combustíveis na semana passada

Insatisfeitos com o impacto eleitoral da política de preços da estatal, que acompanha o mercado internacional e é influenciada pela variação do petróleo e do dólar, governistas insistiram em iniciar uma CPI para investigar a empresa e em alterar a Lei das Estatais para flexibilizar critérios para indicações de membros de conselhos e diretoria de empresas públicas.

Pedestres em frente à sede da B3, a Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo (SP)
Pedestres em frente à sede da B3, a Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo (SP) - Nelson Almeida - 17.jun.2022/AFP

O Ibovespa, indicador de referência da Bolsa, caiu 0,17%, a 99.684 pontos. O recuo do mercado doméstico ocorreu mesmo diante de um cenário global de menor aversão ao risco e recuperação das principais bolsas, o que colaborou para a queda de 0,67% do dólar, cotado a R$ 5,1530.

A principal influência para a baixa do Ibovespa foi a desvalorização de 1,99% das ações preferenciais da Petrobras (PETR4), as mais negociadas da sessão. Também entre as maiores movimentações do dia, os papéis ordinários da empresa (PETR3) perderam 1,06%.

Na véspera, as ações da petroleira foram retiradas do pregão duas vezes devido aos comunicados da renúncia do presidente da companhia, José Mauro Coelho, e da nomeação de Fernando Borges para ocupar a presidência interinamente.

Ainda assim, houve ganhos em relação à forte queda ocorrida na sexta-feira (17), quando os papéis ordinários e preferenciais da companhia fecharam com perdas de 7,25% e 6,09%, respectivamente.

O viés negativo voltou ao mercado financeiro local na tarde desta terça após uma manhã de ligeira alta na Bolsa, com parte dos seus participantes considerando que a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Banco Central não trouxe um tom mais agressivo do que o esperado.

A ata com os registros da reunião do Copom demonstrou, porém, que a autoridade permanece preocupada com a inflação e, por isso, deverá subir novamente os juros em agosto.

Na última quarta (15), o Copom elevou a Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano. A taxa básica de juros atingiu, assim, o patamar mais alto em quase cinco anos e meio.

Expectativas sobre a desaceleração da economia mundial, entretanto, levaram o Copom a indicar a proximidade do fim do ciclo de elevação da Selic.

Cresce em todo o mundo a preocupação quanto à possibilidade de uma recessão global após o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) ter confirmado um aumento de 0,75 ponto percentual da sua taxa de juros. É a maior alta desde 1994.

Apesar desse temor, o Banco Central considerou que os juros brasileiros devem continuar em um patamar elevado por um período prolongado.

Destacando pontos da ata em que o comitê demonstra preocupação com a desaceleração da economia, Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, avalia que o ciclo de elevação da Selic está perto do fim.

"A ata não muda o cenário que já esperávamos: uma alta de 0,5 ponto percentual em agosto e, depois, manutenção", comentou Nogueira.

Pouco otimista quanto ao fim do aperto monetário, Roberto Ivo, professor de economia da Escola Politécnica da UFRJ, considera que a inflação seguirá pressionando as decisões do BC.

"Não vejo a possibilidade de uma Selic abaixo dos 14% neste ano. Temos uma pressão inflacionária interna muito forte, a inflação dos combustíveis líquidos e os problemas nas cadeias de suprimentos, que não estão resolvidos porque a Covid ainda provoca restrições em algumas regiões da China, como Xangai e Wuhan", disse.

Nos Estados Unidos, o mercado de ações reabriu em alta depois de ter permanecido fechado na véspera para o Juneteenth, que comemora a emancipação dos afro-americanos escravizados.

O indicador de referência da Bolsa de Nova York, o S&P 500, subiu 2,45%. Dow Jones e Nasdaq ganharam 2,15% e 2,51%, respectivamente.

Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, destacou que o cenário positivo no exterior e a reação à ata do Copom colaboraram para a queda do dólar nesta sessão. "De forma geral é um movimento externo e pontual, dado que as questões internas ainda devem sugerir muita volatilidade".

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