Descrição de chapéu Governo Biden

Pela 1ª vez, EUA celebram feriado nacional Juneteenth, que marca fim da escravidão

Data terá manifestações e festivais pelo país; estátua de George Floyd foi inaugurada em NY

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Atlanta, Chicago, Nova York e Washington | Reuters e AFP

Os Estados Unidos comemoram neste sábado (19), pela primeira vez como feriado nacional, o Juneteenth, data que celebra o fim da escravidão no país. A marca se refere a 19 de junho de 1865, quando foram libertados os últimos escravos do país, em Galveston, no estado do Texas.

Nesse dia, um general da União chegou à cidade e informou aos escravos que eles estavam livres. Em 1863, o presidente Abraham Lincoln decretou o fim da escravidão, mas o país estava em guerra civil entre estados do Norte (a favor da abolição) e do Sul (contra). O conflito, vencido pelo Norte, acabou em abril de 1865, mas demoraram dois meses para que a notícia chegasse a todas as partes do país.

Estátua de George Floyd inaugurada em Nova York neste sábado; perto dela, Terrence Floyd, irmão de George, presta homenagem
Estátua de George Floyd inaugurada em Nova York neste sábado; perto dela, Terrence Floyd, irmão de George, presta homenagem - Jeenah Moon/Reuters

O Juneteenth (junção de "junho" e "19º", em inglês) era celebrado em alguns estados, mas ficou mais intenso no ano passado, após o assassinato de George Floyd, um homem negro morto por um policial branco na cidade de Minneapolis. Assim, além da onda global antirracismo que se formou, vários protestos foram realizados nos Estados Unidos em 19 de junho de 2020.

Neste ano, haverá comemorações em muitas cidades do país, com manifestações, shows e feiras de comida —o avanço da vacinação contra a Covid e o relaxamento das restrições permitiram a realização de eventos presenciais em massa. Em Nova York, por exemplo, foi inaugurada uma estátua em homenagem a Floyd, no bairro do Brooklyn. A cidade também recebeu um festival sobre a data no Queens, com duração de uma semana, debates virtuais e uma feira com venda de churrasco, frango assado e waffles.

Em Chicago, haverá uma marcha no distrito financeiro da cidade. "Nós celebramos o Dia da Independência, então seríamos negligentes se não celebrássemos o dia em que pessoas que valiam três quintos de uma pessoa [branca] finalmente se tornaram livres e iniciaram esta jornada em direção à igualdade", disse Ashley Munson, organizador do evento.

Munson se referiu a uma regra americana do tempo da escravidão: na contagem da população, cada pessoa negra era considerada "três quintos" de pessoa, e não um ser humano pleno. Assim, dez negros eram contabilizados como seis habitantes, e não dez, por exemplo.

Na cidade de Atlanta, que celebra a data há anos, uma manifestação sairá da igreja batista Ebenezer, onde o pastor Martin Luther King Jr (1929-1968), líder na luta pelos direitos civis, realizava cultos.

No Colorado, haverá um evento de homenagem a Bessie Coleman, a primeira mulher negra a obter autorização para pilotar, em 1921. Deneen Smith, 17, estudante negro do ensino médio, quer ser piloto e se inspira na história de Coleman. "É isso que o Juneteenth significa para mim: independência e liberdade para os afro-americanos, devido à luta de nossos ancestrais", disse ele à agência de notícias Reuters.

"Juneteenth simboliza tanto a longa e difícil noite da escravidão quanto a promessa de um dia melhor", disse Joe Biden, presidente dos EUA, na quinta (17), ao proclamar o novo feriado junto à vice-presidente, Kamala Harris, que é negra. A cerimônia foi marcada pela emoção, fruto de uma sucessão de decisões tomadas com rapidez e consenso muito raros no ambiente político de Washington.

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O processo começou na terça-feira (22), quando o senador republicano Ronald Johnson, que se opôs à criação do feriado durante um ano por razões econômicas, suspendeu suas objeções. Pouco depois, o texto foi aprovado por unanimidade na Casa. No dia seguinte, o projeto foi aprovado por grande maioria na Câmara dos Representantes. Logo a Casa Branca anunciou que Biden promulgaria a lei na quinta-feira.

Mas havia um problema: neste ano, o dia 19 de junho cai num sábado, então, segundo as regras do país, a nova celebração teria que ser transferida para a sexta-feira. Houve dúvidas se tal movimento seria possível —decretar um feriado de um dia para outro.

Por fim, foi anunciado que funcionários do governo federal considerados não essenciais teriam direito a folga na sexta (18). Em todo o país, os tribunais federais fecharam, exceto para certos serviços de emergência. Algumas embaixadas norte-americanas também pausaram suas atividades, prometendo remarcar os agendamentos consulares cancelados abruptamente.

"Queridas famílias. Amanhã estaremos fechados em cumprimento ao feriado federal, o Juneteenth!", informou por e-mail uma creche em Maryland na quinta-feira, poucos minutos antes da meia-noite. "Tenham um ótimo fim de semana!"

No mercado financeiro, não houve tempo para organizar a mudança, e Wall Street funcionou normalmente. Mas espera-se que haja uma pausa nas atividades nesta data a partir do ano que vem. O Juneteenth se tornou o 11º feriado federal dos EUA, e o primeiro a ser criado desde que o presidente Ronald Reagan decretou o Dia de Martin Luther King Jr. em 1983, para comemorar o aniversário do líder de direitos civis.

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