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Bolsa cai em dia de inflação recorde nos EUA e PEC dos bilhões

Real tem maior alta entre principais moedas em sessão marcada por volatilidade

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São Paulo

O mercado de ações brasileiro não resistiu à volatilidade mundial provocada nesta quarta-feira (13) por um novo salto da inflação dos Estados Unidos.

Ao redor do globo, as principais bolsas negociaram no vermelho e o dólar perdeu valor diante das principais moedas. O clima era de incerteza entre investidores diante da expectativa de novas elevações na taxa de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

No Brasil, o dólar comercial à vista recuou 0,64%, cotado a R$ 5,4040. A moeda brasileira apresentou a maior valorização frente ao dólar entre as principais divisas do planeta.

Apesar de ter passado a maior parte do dia em alta, a Bolsa de Valores brasileira perdeu força no final da sessão. Quedas nos setores de commodities puxaram o indicador para baixo no fechamento. O índice de referência Ibovespa caiu 0,40%, a 97.881 pontos.

Depois de um tombo de 7% na véspera, o barril do petróleo Brent subiu apenas 0,08% nesta quarta, a US$ 99,57 (R$ 537,54). O preço de referência da matéria-prima ficou abaixo dos cem dólares pela segunda vez consecutiva, algo que não ocorria desde meados de março.

Moeda de real diante de nota de cem dólares
Moeda de real diante de nota de cem dólares - Yasuyoshi Chiba - 18.mai.2017/AFP

O índice de preços ao consumidor urbano nos Estados Unidos alcançou o recorde de 9,1%, no acumulado em 12 meses até junho. Este foi o maior avanço desde novembro de 1981.

"O dado reforça a postura agressiva do Federal Reserve para reunião entre 26 e 27 de julho", avalia Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

Ela afirma que a pressão inflacionária reforça a probabilidade de que a taxa de juros suba 0,75 ponto percentual no fim deste mês, igualando a última alta aplicada, que foi a maior desde 1994. Isso empurraria a taxa anual de juros no país para um patamar entre 2,25% e 2,5%.

"Isso coloca lenha na fogueira para elevação de 1 ponto percentual dos juros em setembro", diz a especialista.

Abdelmalack também alerta para o fato de que a alta mais forte em setembro colocaria a inflação anual americana em um patamar além do esperado. "Aí que mora o risco monitorado do mercado, se eventualmente os juros nos EUA terminarem 2022 muito acima dos 4% já precificados."

Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, atribui a movimentos técnicos do mercado a resistência do real em um dia de dados e fatos negativos para o mercado brasileiro.

"O mercado já esperava essa alta da inflação, apesar do dado muito pior. A mesma coisa acontece com a PEC. É isso o que está repercutindo no mercado hoje, ou seja, simples e puramente volatilidade", comentou.

Além da inflação americana, investidores no mercado brasileiro também digerem a votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) que amplia benefícios sociais em ano eleitoral.

Em vitória do governo, deputados mantiveram o estado de emergência na PEC dos bilhões. O mecanismo permite que presidente Jair Bolsonaro (PL) fure o teto de gastos e crie novos benefícios sociais a poucos meses do pleito, sem ferir a lei eleitoral.

Apesar de beneficiar setores do mercado no curto prazo, como o varejo, existe a preocupação quanto aos efeitos da medida na inflação e nos juros em 2023.

No mercado de ações americano, o S&P 500 recuou 0,45%. É a quarta queda diária consecutiva do indicador de referência da Bolsa de Nova York. O tombo acumulado neste ano é de 20%.

Também caíram nesta sessão os índices Dow Jones (-0,67%) e Nasdaq (-0,15%).

Direciona a baixa das ações a preocupação com a inflação descontrolada no país, cujo efeito mais temido é que a elevação dos juros, aplicada pelo Fed para frear a alta dos preços, coloque a economia americana em recessão.

O temor de inflação com desaceleração econômica, agravada pelo risco de choque de oferta na energia na Europa, também manteve o euro perto da paridade contra o dólar nesta quarta.

A moeda comum europeia fechou cotada a US$ 1,0082, com ligeira alta de 0,20%.

No mercado de câmbio brasileiro, o euro comercial caiu 0,37% e fechou o dia valendo R$ 5,4365.

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